O caricaturista, chargista, ilustrador e músico Paulo José de Hespanha Caruso morre aos 73 anos, vítima de câncer no intestino. O cartunista estava internado em um hospital em São Paulo nos últimos dias.
Tanto Paulo quanto seu irmão gêmeo, Chico Caruso (também um gênio da arte), começaram a desenhar logo cedo, aos cinco anos de idade, incentivados pelo avô materno, que era pintor informal.
Paulo Caruso, se formou em arquitetura em 1976, pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), mas não seguiu carreira. Antes mesmo da faculdade, já trabalhava em jornais: Diário Popular, Folha de São Paulo e Movimento. Nos anos 1970, foi para O Pasquim, junto com Millôr Fernandes, Jaguar, Ziraldo e Henfil.
Em 1981, inaugurou a página de humor Bar Brasil, na revista Careta, com Alex Solnik. E também publicou a coluna de humor Avenida Brasil na revista Isto É. Ele publicava caricaturas de personalidades da política brasileira, retratando os momentos mais marcantes do país de forma satírica.
Em paralelo aos desenhos, Paulo Caruso também passou a fazer sátira política através da música. Em 1985, formou a banda Muda Brasil Tancredo Jazz Band – o nome foi escolhido logo após a morte do presidente Tancredo Neves – junto a outros cartunistas que fazem música. Participavam da banda seu irmão, Chico Caruso, Cláudio Paiva, Aroeira, Luis Fernando Veríssimo, entre outros.
Caruso participava do programa Roda Viva, da TV Cultura, desde 1987, fazendo caricaturas dos entrevistados. Nas entrevistas, captava o desfile de vaidades dos perguntadores que queriam falar mais que o entrevistado. O cartunista era uma atração em si, tanto que ele próprio, transformou-se num personagem central daquele programa.
Com sua voz grave, falava pausadamente. Amava os barzinhos da Vila Madalena, bairro em que morava. Um ser humano apaixonado pela vida. Sua principal característica externa era a de olhar por cima dos óculos, como o professor Pardal.
O grande artista Paulo Caruso, faleceu no último dia 04 por complicações decorrentes de um câncer, contudo, continua vivo em sua infinda arte e obra. Sem sombras de dúvidas, uma personalidade fundamental da nossa história visual e intelectual.
Professor Hermerson Porto é historiador