Setembro dourado chama a atenção para o câncer em crianças e adolescentes

Em janeiro deste ano, a família de Anthony Gabriel esperava por uma mudança em suas vidas e rotina. A mãe do menino de apenas 13 anos e que adora andar a cavalo, Naiara Souza, estava grávida de sua quinta filha. No entanto, a mudança veio antes mesmo da bebê nascer, mas de um jeito completamente diferente.

“Apareceu um pequeno caroço no pescoço dele e em fevereiro já estava enorme e ele sentia muita dor. Nós íamos para o Hospital Regional de Glória, fazíamos exames de sangue e dava tudo normal. Receitaram alguns remédios, mas a dor não passava. Foi aí que procuramos um médico particular e fizemos uma ultrassom. Na hora que nós estamos fazendo o exame, eu já sabia o que era. Meu sexto sentido de mãe já falava o que era”, lembra Naiara.

Após novos exames e uma biópsia, os médicos identificaram um cisto primário na nasofaringe do menino. Mas também havia alterações nos linfonodos e no primeiro osso da cervical.

Anthony era um menino ativo antes do diagnóstico

“Quando eu li a mensagem da minha irmã sobre o resultado o meu mundo caiu. Eu pensava que era apenas na naso, pensava que seria mais fácil de tratar. Mas quando se tem a possibilidade de ter câncer em três lugares e, principalmente, no osso, tudo o que vem na sua mente é medo”, comenta.

Com o diagnóstico precoce, o tratamento de Anthony também não demorou a começar.

“A primeira sessão de quimioterapia dele foi horrível. Ele não queria comer, chorava muito e tinha muitas dores na barriga por causa do estresse. No segundo mês, já foi a quimio e a radioterapia. Ele fez 33 sessões de rádio e, como é nasofaringe, afetou tudo. Ele começou o tratamento com 36 quilos e terminou com 27. Quem o conhece e vê ele agora não o reconhece”, comenta a mãe.

Por complicações no início do segundo ciclo da quimio, Anthony está internado no Hospital de Urgência (HUSE) desde julho. O garoto ainda não consegue se alimentar porque seu sistema digestivo foi queimado pela radioterapia e, devido ao seu estado de saúde, não pode fazer os exames para identificar a causa das convulsões que teve. Na UTI do hospital, o menino aguarda a consulta com o cirurgião para saber se o tumor pode ser retirado.

DIAGNÓSTICO PRECOCE
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que 420 mil novos casos de câncer infanto-juvenil sejam diagnosticados entre 2018 e 2019 no Brasil. Mas segundo o oncologista pediátrico Anselmo Mariano Fontes, o câncer que atinge crianças e adolescentes é diferente do que atinge os adultos.

Anselmo Mariano Fontes, oncologista pediátrico

“O câncer na infância é diferente do câncer do adulto. A maior incidência corresponde às leucemias, tanto a linfoide aguda quanto a mieloide aguda. Vindo a seguir os tumores do sistema nervoso, os tumores abdominais, como o tumor do rim chamado de tumor de Wilms, o tumor da glândula suprarrenal, os situados no fígado. Também podem haver os retinoblastomas, que são tumores na retina ou tumores ósseos, que são mais comuns em adolescentes”, comenta.

Apesar dos termos complicados e dos números assustadores, segundo o oncologista, aproximadamente 80% dos casos de câncer em crianças e adolescentes de zero a 19 anos são passíveis de cura. Mas o diagnóstico precoce tem um papel fundamental nesse processo. E, para isso, exames como as ressonâncias, pet-scans e marcadores tumorais tem ajudado os médicos a concluírem o diagnóstico com mais precisão.

“O câncer infantil atualmente é passível de cura em 80% dos casos. Mas, para isso, é necessário que seja feito um diagnóstico precoce e um encaminhamento para um Centro Especializado em Oncologia, onde será feito observado se o tumor está localizado ou disseminado (metástases) e o início de tratamento, seja com cirurgia, quimioterapia, radioterapia, os três juntos ou isolados”, explica.

Alguns sintomas podem servir de alerta para os pais. Como febre intermitente ou contínua, o aparecimento de tumor em qualquer parte do corpo (principalmente no pescoço e região da virilha), sangramento em qualquer parte do corpo, perda de peso, mancha amarela nos olhos, entre outros. Segundo o oncologista, alguns desses sintomas podem aparecer também em lesões benignas, mas merecem uma investigação mais especializada.

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