A água é um recurso natural essencial para a existência e sobrevivência das diferentes formas de vida no mundo, em seus mais distintos reinos. Segundo estudiosos das ciências da natureza, entre suas principais funções estão: manter o equilíbrio da biodiversidade, hidratar os seres vivos, participar do metabolismo e permitir o desenvolvimento de atividades pelos seres humanos.
De forma genérica, para a ciência, os evolucionistas afirmam que as primeiras formas de vida surgiram a partir do ambiente aquático. Fonte de fé e inspiração para os criacionistas, percebe-se que no Gênesis, a Bíblia revela que o Espirito de Deus pairava sobre a face das águas, mesmo antes da criação ser consumada. Independente de corrente teórica, atente-se para o grau de importância desse elemento no tocante ao surgimento da vida no planeta.
Na história da humanidade é indissociável a relação entre a presença da água e o surgimento das primeiras civilizações. Os rios, por exemplo, desempenharam função elementar nesse processo civilizatório, abastecendo famílias ou até mesmo povoações inteiras com peixes e água potável e, posteriormente, com o desenvolvimento da agricultura assim como utilizados para o transporte de pessoas e mercadorias.
Pense comigo: sem os rios Tigre e Eufrates, as civilizações da árida Mesopotâmia certamente não existiriam. O Egito foi uma dádiva do Nilo. Nossa! Que dádiva! Você consegue imaginar o reino dos faraós prosperando em meio ao deserto se não fosse a força e grandeza do rio Nilo? A importância é tão significativa que o Nilo fora considerado um deus para os egípcios. Sendo assim, as primeiras civilizações floresceram às margens das águas fluviais, dando espaço ao crescimento populacional local.
Esse casamento entre a água e a vida repete-se por todo o mundo ao longo da história, de oriente a ocidente. Foi assim na América, na Europa e não difere do nosso Brasil. A propósito, em Sergipe, todos os primeiros núcleos de povoamento e depois vilas e cidades, estão intimamente ligados à presença de um rio. Perceba que um dos motivos para a transferência da capital de São Cristóvão para Aracaju no século XIX, deu-se justamente pela necessidade de um rio forte, para que pudesse escoar a produção da província, mas isso será história para outro texto.
Voltemos para a água. Apesar do tempo e do avanço tecnológico, ela permanece fator essencial para a manutenção da vida. Contudo, fique você sabendo, caro leitor e amigo, que a água potável é um recurso natural finito, ou seja, terá um fim. Sabe-se que atualmente, apenas 2,5% de toda água presente no mundo é considerada potável e mesmo assim, nem todo esse percentual está disponível. Os outros 97,5% restante é considerado imprópria para o consumo humano, devido ao alto teor de salinidade.
Infelizmente, fatores como poluição, industrialização e urbanização sem responsabilidade ambiental, têm contribuído significativamente para a diminuição da água potável existente no mundo, tornando-a ainda mais escassa para o consumo.
Curioso ainda é verificar que os mais de 70 canais de drenagem urbana de nossa Aracaju, outrora foram afluentes que desaguavam nos Rios Poxim, Sergipe, Santa Maria, do Sal; além do oceano, lagoas e mangues. Perceba o que acabara de ler. A questão é que lixeiras a céu aberto, a histórica deficiência do sistema de esgoto, desmatamento, contaminação pelo uso intensivo de agrotóxicos e péssima educação ambiental têm degradado a bacia hidrográfica desses rios.
Ontem, no dia 22 de março, é celebrado o Dia Mundial da Água (DMA). Data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 21 de fevereiro de 1993. Atente-se que diante dos fatos históricos apresentados, trata-se de um momento ímpar de conscientização sobre a relevância da água para a nossa sobrevivência e de diversos seres vivos tanto no presente como no futuro. Logo, preservem a água e disseminem conscientização, pois, esse planeta é nossa casa.
Por Ermerson Porto – Históriador* Licenciado e mestre em história pela Universidade Federal de Sergipe. Membro da Academia Maruinense de Letras e Artes (AMLA) e Integrante do Grupo de Pesquisa: Poder, Cultura e Relações Sociais na História (CNPq/UFS)