Desde o início da colonização portuguesa no século XVI, a questão do abastecimento sempre foi um aspecto importante para a metrópole. As relações entre Portugal e sua colônia nas Américas – o Brasil – fora fortemente influenciada pela exploração extrativista e mercantilista.

A atividade pecuária tem papel de destaque no povoamento e interiorização da colônia. Na historiografia, a palavra sertão, é um conceito e se refere ao interior do Brasil, caro leitor. Nesse sentido, a questão do gado durante o Brasil Colônia, sobretudo nos séculos XVII e XVIII, foi um problema e uma solução. Pode parecer contraditório, mas é esse dualismo mesmo que você leu.

Esclareçamos então.

Um problema: por conta da produção açucareira. O açúcar, até então, movimentava em larga escala o ciclo econômico colonial. Acontece que a criação do gado solto, que inclusive servia como força motriz dos engenhos e abastecimento, tornou-se um problemão. Não precisa de muito esforço para perceber que a cana de açúcar era um alimento natural para os animais. A concorrência estava posta e por conta dos prejuízos aos negócios dos senhores de engenho, esse produto tão essencial para subsistência da população colonial, o gado, foi sob ordens régias, sendo paulatinamente tangido para os sertões. É daí que a moenda gira!

A problemática passa a ser solução: uma alavanca no processo de interiorização da colônia. Enquanto a criação bovina avançava sob as paragens dos sertões, ela contribuía com o aumento das áreas conquistadas em batalhas travadas contra os povos indígenas e, consequentemente, influenciava para o aumento da produção de carne, a qual abastecia os núcleos de povoamento. Observe ainda que o gado além de ser o produto, ele mesmo é o transporte. Ficou mais nítido o contexto?

É nesse momento que entra a Estrada Real do Gado ou Estrada das Boiadas. Trata-se de todas as rotas pelas quais, no século XVIII, passavam boiadas pelos registros coloniais. Apesar de ser uma rota muito conhecida e utilizada pelos criadores e condutores de gado, só recebeu atenção especial do governo provincial nos oitocentos, momento em que foi alargada e nivelada com

a finalidade de facilitar o trânsito para as boiadas e viajantes que circulavam por essas rotas a caminho do sertão. IMAG 4

São figuras importantes desse período: o boiadeiro, o vaqueiro, o caboclo do mato, o tropeiro, o sertanejo, o indígena e o negro africano (traficado da África para trabalhar nas lavouras de cana de açúcar). Desses personagens, rendem muitas outras histórias que até hoje se perpetuam na cultura popular, religiosidade e tradições locais. Como nordestino, possivelmente, você já tivera contato com algumas dessas figuras em determinado momento de sua vida.

Para deixar nosso papo mais interessante, fique sabendo que Sergipe fazia parte dessa importante rota. A capitania de Sergipe Del Rey constituía-se numa grande área de provisionamento colonial, tinha como finalidade o abastecimento da Bahia e, quando o assunto é pecuária, destaca-se a figura marcante do latifundiário Garcia D’Ávila e suas empreitadas na conquista das terras sergipanas. IMAG 5

Assim é importante entender que a Estrada Real do Gado e o Rio dos Currais (um dos muitos nomes dados ao rio São Francisco) constituem símbolos históricos da dinâmica empreendida pela economia sergipana no Período Colonial inicial.

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