Vanda Tainá Daniel de Freitas Santos, moradora da cidade de Monte Alegre (SE), relata momentos dessa jornada pós-parto, acompanhando o desenvolvimento da primeira filha tão esperada, na Unidade Neonatal da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (UTIN), em Araacaju (SE)
Para quem vê poesia na vida, o arco-íris se torna uma mensagem divina, uma aliança, um pacto com o universo de que os dias difíceis vão passar. O indício de que a tempestade logo cessará e o céu vai ser colorido com um arco de renovação. Esse é o olhar que a jovem mãe, Vanda Tainá Daniel de Freitas Santos, moradora da cidade de Monte Alegre, tem acerca de tudo o que passou desde o nascimento prematuro da pequena Maria Isabel.

Durante vários momentos dessa jornada pós-parto, acompanhando o desenvolvimento da primeira filha tão esperada, na Unidade Neonatal da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (UTIN), Vanda conversava com sua fé, escrevendo num diário todos os detalhes desse cotidiano, lançando perguntas que, muitas vezes, nem os profissionais de saúde poderiam responder com toda a certeza.

“Minha bebê nasceu de 25 semanas com 138g, no dia 27 de março de 2021. Nós passamos noventa e nove dias de UTIN e dez dias de método canguru. A cada visita eu escrevia em meu diário no celular, como desabafo e agradecimento… Encontrei uma forma de algum dia mostrar a ela o quanto é forte e guerreira, mais até do que eu, já que me deixava abater com facilidade. O olhar lindo dela me alegrava nesses dias difíceis”, relata a jovem.

Entre um retorno e outro para casa, Vanda viu por diversas vezes no céu, uma resposta composta por sete cores. Para ela, aqueles arcos coloridos no céu representavam a confirmação de que Maria Isabel era um milagre, então, ela passou a chamar a filha de ‘bebê arco-íris’. Essa denominação geralmente é atribuída a crianças que nascem de uma mãe que sofreu, anteriormente, um aborto espontâneo ou que teve um filho morto prematuramente, porém, Vania, com o nascimento precoce e a superação de  Maria Isabela deu um novo significado a isso.

“A primeira vez que eu a vi foi na UTIN. Quando você vê através do vidro é uma coisa, vê e vai embora, você ainda não sabe o que é ser mãe, porque você não está cuidando, pegando… Quando você passa a cuidar é diferente, e os profissionais dão todo o suporte, nos ajudam em tudo,  tanto é que só há liberação quando estamos realmente capacitado para ir para casa. Maria Isabel passou um tempinho entubada, o médico que estava tratando dela deu uma estimativa de sete dias para tirar o tubo, era uma sexta, porém, na segunda quando eu voltei, o médico disse que ela decidiu por conta própria sair da intubação, falou que eu pretendia tirar, mas ela fez o tempo dela”, relata com o olhar reluzindo de felicidade.

Foram muitos os processos até esse abraço entre mãe e filha se concretizar. Os momentos anteriores foram relatados por Vanda. “Apesar de estar me cuidando, num determinado momento comecei a me sentir mal. Passei a sentir umas contrações, mas não foi nada tão assustador, dava para suportar.  No dia seguinte, segui com minha rotina. Sou balconista de farmácia, fui trabalhar normalmente e as dores começaram a se intensificar. Terminei o expediente cheia de dores, mas tentando levar como normal. Há dias vinha tendo um corrimento bem amarelado, o qual pensei que fosse normal”, contou.

Vanda começou a perder o líquido amniótico ao mesmo tempo que as dores aumentaram. Foi tudo bem rápido e ela achou que tinha perdido o bebê, explicou que de Monte Alegre foi transferida para o Hospital Regional de Nossa Senhora da Glória, administrado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), unidade de saúde referência nos atendimentos de urgência e emergência no Alto Sertão sergipano. “Ao chegarmos não tínhamos noção do que esperava por nós, mas como sempre, fomos muito confiantes e apegados a Deus. De Glória fomos transferidas para Aracaju e chegamos na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL), por ser uma referência em atendimento a prematuros”, destacou.

Enquanto ambas se recuperavam da parto de urgência, Vanda passou a retirar o leite materno, como explica Magda Dórea, gerente do Banco de Leite Humano Marly Sarney. “Enquanto o bebê esteve na UTIN, na primeira etapa do método canguru, a mãe doava o excesso de leite. Ela vinha três vezes por semana, ficava na sala de manejo da maternidade, nós entregamos o material para a ordenha, ou seja, isopor e frascos esterilizados. Ela trazia os frascos cheios e nós levávamos para o banco de leite. O leite passava pelo processo de pasteurização e retornava para a UTIN, tanto para o bebê dela quanto para outros na UTIN”, explicou Magda

Esses primeiros dias foram registrados nas páginas do diário virtual de Vânia. “O segundo dia de visita à minha princesa, o coração parece que vai sair pela boca, as pernas amoleceram de tanto nervosismo. Nesse dia fomos eu e sua tia, seu pai foi resolver umas coisas de trabalho, mas a ansiedade também não cabia dentro dele, toda hora ligava pedindo notícia. Todo mundo a pedir fotos suas, não podia tirar, eu  consegui uma foto sua na segunda-feira e agora não paro de olhar. Deus fez tudo tão perfeito mesmo quando nós não entendemos nada, nós precisamos apenas confiar e descansar. Nesse dia você estava dormindo, mas a médica me passou seu quadro clínico. Você havia começado a ingestão de leite, fiquei tão feliz porque você começou a comer 1ml, mamãe ficou com tanta felicidade que não cabia em mim. Hoje retiraram seus óculos e eu vi seu rostinho de perto, meu Deus… Maravilhoso! Obrigado por tudo!”, relatou com amor Vanda.

A ansiedade de Vânda cessou quando ela foi avançando nas etapas do método canguru, ela relata que somente a partir desse momento começou a se sentir verdadeiramente mãe, contando com o apoio humanizado de todos os profissionais da MNSL. “Passamos dez dias na ala verde da maternidade,  na segunda etapa do Método Canguru,  simples e humano e ajuda na recuperação do bebê, que passa a ganhar peso, se alimentar e se desenvolver mais rapidamente. Maria Isabel evoluiu tão rápido e gerou muitas surpresas a todos, inclusive, o médico que a acompanhou disse que ela escolheu sair da intubação por conta própria, ela decidiu, destaca com orgulho.

A jornada de recuperação de Maria Isabel continua na terceira etapa do método canguru, essa fase de acompanhamento pode chegar até os dois anos de vida da criança e é realizada em visitas periódicas a uma equipe multidisciplinar do ambulatório de retorno Maria Creuza de Brito Figueiredo.

A resiliência é uma traço da personalidade que pode ser percebido nessas duas guerreiras, personagens da nossa matéria especial. Vânia pretende mostrar no futuro, o diário que escreveu para Maria Isabel como forma de fazê-la perceber o quanto foi forte desde antes de nascer. “Sempre tive muita fé que um dia vou mostrar isso tudo a ela, minha filha verá que mesmo passando por tanta coisa nunca me deixei abater. Vejo uma menina muito forte, guerreira, autêntica, que vai fazer o caminho dela, acho que ela vai ser isso: um milagre. A minha vida ganhou um novo significado, ela nasceu e eu renasci dela, finaliza com emoção a mãe da bebê arco-íris.

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