Pela primeira vez, Sergipe receberá uma etapa do Ironman. A principal prova de triatlo da América Latina desembarca em Aracaju no próximo domingo, 24, trazendo aproximadamente 1.100 competidores de 12 países para a disputa da versão 70.3, que engloba 1,9 km de natação, 90 km de ciclismo e 21,1 km de corrida. O evento conta com apoio do Governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado do Esporte e Lazer (Seel).
Quando um evento de alto nível é sediado no estado, a expectativa dos atletas locais fica ainda maior. Desde os mais experientes até quem ainda dá os primeiros passos na prova, a ansiedade está a mil para completar o desafio. Até quem já conhece a prova em todos os detalhes não esconde a expectativa. É o caso de Ilka Cordeiro, referência do triatlo em Sergipe. Aos 54 anos, ela está na modalidade há 33, e já completou 25 vezes o Ironman ‘full’, que compreende a distância completa. Precursora da prova no estado, tem como grandes feitos o bicampeonato mundial no Iron em Barcelona, e três participações em Kona, no Havaí, considerada uma das provas mais importantes.
Mesmo com tantas vivências pelo mundo, Ilka aguarda com ansiedade a participação em casa. “É uma alegria imensa para todo mundo do esporte. Venho de muitos anos, muitas vezes sozinha, e é incrível ver a cidade movimentada, com vários atletas aderindo ao triatlo. A cidade está muito bonita, e quem vier vai ficar maravilhado”, diz ela.
Mas se engana quem pensa que a constância vem sem esforço. Para um esporte tão intenso, são muitos anos de treinos constantes e disciplina. Porém, nada que não seja possível com amor pelo que faz. “Falar de esporte pra mim é uma emoção. Entrei no triatlo aos 22 anos, e meu sonho era o Ironman. O esporte agrega valor. As pessoas muitas vezes querem vencer sempre, mas o melhor é estar ali e sentir a energia”, destaca Ilka.
Não apenas agregando valor, o esporte une pessoas. Eduardo Dantas, 37 anos, iniciou com o ciclismo em 2014; enquanto Tatiana Oliveira, 35, começou na corrida em 2019. Ambos investiram no triatlo, conheceram-se no pedal e casaram-se há três anos. Depois de muitas histórias em casal através do esporte, os dois estão prontos para o Ironman em Sergipe.
Tatiana chega a brincar com a quantidade de participantes. “Apareceu um monte de triatleta na cidade. A gente sempre viajou para fazer a prova, e é muito legal ver o movimento do esporte aqui. Você viabiliza que mais pessoas o conheçam”, diz ela. Já Eduardo, que preparou um uniforme especial para o evento, acrescentou: “Com uma prova assim em casa, você quer dar o seu melhor e performar ainda mais. A gente também está vendo como a cidade está ficando bem movimentada, a quantidade de pessoas que ingressaram no esporte”.
Além das belezas, o clima em Aracaju também promete endurecer o desafio, com muito calor e vento. Eduardo coloca o clima fator importante do Ironman na capital. “Ultimamente está ventando bastante, e boa parte do pedal será contra o vento. Depois tem a corrida na orla, com sol o tempo todo. Vai ser uma prova bonita, e que vai exigir bastante”, pontua ele.
Apoio do Governo
Para uma prova desse porte, é fundamental ter o apoio de diversas instituições, que fornecem todo o apoio e estrutura necessários. Nesse sentido, os triatletas destacam o incentivo do Governo do Estado, por meio da Seel, com ações como bloqueios de trânsito e equipes de prontidão, além do preparo estrutural do percurso, que fica além da prova.
“O apoio do Governo é imprescindível para isso acontecer. É um evento mundial, e sem este suporte não seria viável a realização. O benefício é permanente e fica para a população além do esporte, com a restauração de vias, por exemplo. Todo mundo, mesmo quem não pratica, vai se beneficiar disso”, aponta Tatiana.
Ilka acrescenta que uma prova como o Ironman requer o envolvimento tanto do Estado quanto da Prefeitura de forma grandiosa. “Hoje, a gente já vê que a cidade está preparada para isso. Parabenizo o Governo do Estado que faz um trabalho excelente para receber essa prova na capital”.
O suporte prévio ajuda a fomentar o esporte, fazendo com que mais pessoas o pratiquem, girando uma roda que fomenta a economia local. Com mais atletas empolgados, o mercado tende a ser aquecido. “O que o governo está fazendo facilita demais para todo mundo. Na orla, por exemplo, mais atletas treinando no fim de semana fazem com que os restaurantes e postos de gasolina fiquem cheios, fotógrafos estejam ali trabalhando. Isso faz um ciclo girar”, coloca Eduardo.
Esporte como motivação
Todo esse apoio ajuda a promover um evento esportivo que não apenas gera visibilidade e renda, mas também a inclusão e a motivação pelo esporte. Cada atleta carrega consigo a sua história e objetivo, mas, no fim, todos carregam a disciplina, superação e resiliência.
Tatiana, por exemplo, começou no esporte para melhorar a autoestima e descobriu um novo mundo. “Em 2019, eu estava insatisfeita com meu corpo, e comecei a correr. Veio a vontade de evoluir, e uma coisa puxa a outra. Este ano, tive alguns problemas de saúde, mas não podia perder essa festa em Aracaju. Consegui uma equipe e entrei para o revezamento, onde vou fazer os 90 km pedalando. Ninguém vai ficar de fora”, expressa.
A paixão pelo esporte é contagiante, passa de geração a geração, entre amigos e familiares. Ilka tem três filhos, dois deles já praticaram o Ironman. Para ela, com o triatlo eles não apenas se aproximaram, mas aprenderam e cresceram. “É uma alegria enorme transmitir o que aprendi. Olho para meus filhos e vejo tudo que o esporte evoluiu, com muita alegria e felicidade. Apesar do cansaço, a gente chega feliz e com uma energia incrível, enfatiza.
Fonte, Secom – Estado.