Competição reuniu 437 mil estudantes de todo o país e contou com a tradicional Mostra Brasileira de Foguetes

Por Carole Ferreira da Cruz – SECOM/IFS – Estância (SE)

Os alunos do Instituto Federal de Sergipe (IFS) conquistaram cinco medalhas individuais na 23ª Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) e mais duas por equipe na 14ª Mostra Brasileira de Foguetes (MOBFOG), que ocorre em paralelo e este ano contou com duas modalidades: presencial e virtual. Mais de 437 mil estudantes de escolas públicas e particulares de todo país participaram da competição, que é realizada desde 1998 pela Sociedade Astronômica Brasileira em parceria com a Agência Espacial Brasileira.

Pelo Campus Estância, os vencedores foram Luís Paulo Menezes Ávila, do curso integrado de Eletrotécnica, que ficou com ouro ao fechar a prova de astronomia e astronáutica, Alípio Fernando de Paula Pires (Eletrotécnica) e Hudson Santos Menezes Júnior (Edificações), todos com 17 anos, que ganharam bronze. A dupla Luís Paulo e Lucas Batista Serafim faturou outra medalha de ouro ao lançar um foguete em campo aberto com 165 m de alcance.

No Campus Aracaju, Camille Vitória de Jesus Porto, 17, do curso técnico integrado de Química, levou ouro na olimpíada, enquanto seu colega de turma, Kauan Rodrigo dos Santos, 18, conquistou prata. Na mostra de foguetes, a equipe formada por Camille, Kauan e Daniel Lopes Toso, 19, também do curso técnico em Química, conquistou mais um ouro para o IFS ao projetar um foguete no computador com um alcance de 556 m.

Luís Paulo vem evoluindo na competição: em 2018 conquistou bronze, em 2019 prata e este ano superou todas as expectativas ao gabaritar a prova e tirar nova 10. “A experiência dos últimos anos ajudou muito a ver onde eu estava errando e me fez com o tempo ir melhorando. Atribuo a vitória à minha dedicação e persistência nesses três anos e, é claro, a todos meus amigos, professores e à família que sempre estiveram me apoiando”, destacou.

Alípio, que fez sua estreia na OBA com o pé direito, atribui o ótimo resultado ao tempo extra para estudar pós-pandemia e ao apoio recebido pelo IFS. “Com certeza, foram decisivos não só a base do ensino como o incentivo por parte dos professores a participar desse tipo de atividade. Acho que se eu estudasse em outro lugar nunca me inscreveria para uma olimpíada assim”, reconheceu.

Camille já havia conquistado ouro em 2019, juntamente com Daniel, e voltou a repetir o feito este ano ao tirar 10 na prova. O terceiro ouro veio em equipe. “Cada um dos lançamentos feitos, cada acidente de percurso, cada minuto sonhando com foguetes e estrelas, cada palavra calmante dos professores, cada ‘invasão’ à Coordenadoria de Ciências da Natureza (que sempre esteve de portas abertas nos permitindo esse contato com as ciências naturais e tem parte da responsabilidade pelas carreiras que seguiremos) foi especial e inesquecível. Como diz a célebre frase, só ‘enxergamos mais longe por estarmos sobre os ombros de gigantes’”, comemorou.

Mudanças na competição – Devido à pandemia de Covid-19, a competição teve que passar por algumas mudanças. As provas teóricas foram realizadas de forma virtual ao longo de dois dias para prevenir instabilidades no acesso à energia e à internet. A organização do evento desenvolveu uma plataforma remota para que os alunos respondessem as questões, fizessem os cálculos e analisassem os gráficos. A etapa da MOBFOG contou com a tradicional modalidade presencial e mais outra para o lançamento de foguete virtual com auxílio de um software.

A OBA é uma prova interdisciplinar que avalia os conhecimentos adquiridos pelos estudantes em diversas disciplinas sobre temas ligados às ciências espaciais, que estudam o universo e as tecnologias que projetam máquinas para operar fora da atmosfera terrestre. Por outro lado, a mostra de foguetes ajuda a colocar em prática esses conhecimentos, estimulando a criatividade, a autonomia, a liderança e o trabalho em equipe.

Orientador dos alunos do Campus Estância, o professor de Física e coordenador de Pesquisa e Extensão (Copex), Tiago Cordeiro de Oliveira, destaca a importância de participar das olimpíadas do conhecimento. “É uma experiência muito relevante para a formação dos estudantes por motivá-los a seguir na carreira científica. Além disso, algumas universidades de São Paulo e Minas Gerais reservaram, para o ingresso a partir de 2020, vagas de modalidade olímpica para ganhadores de medalhas, seguindo o exemplo dos dos EUA e Japão, que já têm essa prática”, ressaltou.

Responsável por orientar a equipe do Campus Aracaju, o professor de Física, Paulo César Lima Santos, tem buscando aguçar o interesse científico que sempre esteve presente entre os alunos. “Desde o primeiro ano, eles têm como premissa a curiosidade de entender os fenômenos da física, da matemática, da química, e construíram nos últimos anos uma base e uma curiosidade científica que o fizeram sempre pesquisar e aprender mais. Esse é o maior motivo do sucesso deles”, enfatizou Paulo César, que divide o trabalho de orientação com o também professor de Física, Edvaldo José dos Santos.

Sobre a olimpíada

A OBA é realizada anualmente pela Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB), com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq). A olimpíada tem como principal objetivo despertar o interesse pela astronomia e astronáutica, promover o surgimento de novos talentos e estimular o desenvolvimento das chamadas ciências espaciais, que são consideradas estratégicas para o país.

A MOBFOG é uma mostra inteiramente experimental, que consiste em construir e lançar foguetes o mais distante possível, a partir de bases de lançamento que são criadas e desenvolvidas por equipes de estudantes de até três componentes. O planejamento e a execução dos trabalhos exigem conhecimentos nas áreas de física, química, engenharia aerodinâmica, matemática e movimento parabólico.

*Com informações da OBA

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