As casinhas temáticas e coloridas da Vila do Forró são mais do que itens na cidade cenográfica erguida no Arraiá do Povo, localizado na Orla da Atalaia. O espaço abriga cultura, revelando o capricho do Governo do Estado ao apresentar uma amostra da sergipanidade aos turistas e reforçar o sentimento de pertencimento nos visitantes locais. Um exemplo disso é o ambiente dedicado aos artesãos, onde eles podem dar visibilidade ao rico artesanato sergipano, uma ação realizada por meio da Secretaria Especial do Trabalho, Emprego e Empreendedorismo (Seteem).
Ao expor os produtos feitos com materiais diversos, os artesãos contam um pouco das próprias histórias de amor pelo que fazem, das tradições passadas de geração a geração e do empreendedorismo que gera renda e move a economia. Vale destacar, aliás, que, durante todo o mês de junho, a diversidade da cultura artesã de Sergipe tem estado à disposição do público logo na entrada da Vila do Forró.
Nos estandes – ou casinhas –, o visitante encontra peças de vestuário bordadas e em crochê, pinturas em cerâmica, bolsas em palha, bijuterias e tantos outros artigos do artesanato sergipano. Tudo encanta pela riqueza de detalhes traduzidos em formas e cores variadas. São peças produzidas a partir de matérias-primas como linha, tecido, madeira, barro, palha, entre outros.
A diretora de Artesanato e Empreendedorismo da Seteem, Daiane Santana, explica que a iniciativa do Governo do Estado, por intermédio da Secretaria, de oportunizar que o artesanato sergipano também participe da Vila do Forró, foi uma forma de gerar renda para os atores da economia solidária, assim como mostrar ao turista o fortalecimento da cultura local. “O maior exponencial das artes em Sergipe trata-se do artesanato. E a Seteem, com olhar holístico sobre essa classe, reuniu artesãos de vários municípios para expor e vender aqui, de terça a domingo, das 16h às 23h, o melhor do artesanato sergipano”, explica.
Expondo os trabalhos – Conhecida como Finha no município de Barra dos Coqueiros, onde mora, a artesã Josefa Lima dos Santos, desde os 15 anos, com grande habilidade manual e de forma caprichosa, produz peças de renda de filé e crochê, como blusas, saídas de praia, toalhas de mesa, jogos americanos e sousplats. Finha, aliás, aproveita para agradecer pela oportunidade de mostrar o trabalho dela durante os 30 dias de festejos juninos na Orla. “Estou muito feliz em estar aqui na Vila do Forró, mostrando meu trabalho e tendo a oportunidade de ter uma renda extra. Graças a Deus, a cada dia, minhas peças têm tido saída”, comemora.
A artesã Adelcília Carvalho Machado, por sua vez, levou para a Vila do Forró alguns dos produtos da terra natal dela, a cidade de Divina Pastora, famosa pela confecção de renda irlandesa. As peças são produzidas por ela com a delicadeza e o requinte adquiridos ao longo de 35 anos dedicados à arte considerada Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, segundo o Instituto Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Assim, com brilho no olhar, Adelcília mostra passadeiras, jogos americanos, colares e inúmeros outros artigos, ressaltando uma tradição cultuada de geração em geração pela família dela. “Minha mãe aprendeu esse ofício com a minha avó, e eu aprendi com minha mãe. Para mim, é um orgulho representar a sergipanidade por meio das minhas peças. Por isso, estou muito feliz em estar aqui, mostrando meu trabalho”, destaca.
Arte e terapia – Com destreza, Dona Marizete Domingos dos Santos trança palhas de taboa, uma espécie de planta, dando formas variadas que originam chapéus, bolsas, tapetes, porta-moedas, mandalas, entre outros objetos. “Acho interessante quando o cliente diz que o trançado das minhas peças impressiona. Mas, para mim, é algo tão fácil de fazer, que chega a ser uma terapia”, comenta. Sobre o Governo de Sergipe ter reservado um espaço especialmente para os artesãos, Dona Marizete agradece e salienta: “Aqui, também é uma higiene mental, onde, além de vendermos, estamos em contato com tanta gente todos os dias”, avalia.
Outros exemplos dessa ‘função terapêutica’ do artesanato na vida das pessoas: Celso Ricardo, de Aracaju, tem um trabalho formal, mas encontrou na arte em madeira resinada um hobby e, claro, uma opção de renda extra. Na Vila do Forró, ele expõe porta-xícaras, tábuas para frios, relógios, entre outros. Assim como Celso, Sônia Cristina Santos, também, encontrou no artesanato algo além da oportunidade de renda extra, já que produz peças em crochê e macramé, a exemplo de bolsas e bijouterias. “O artesanato me permite a conexão comigo mesma, me distrai. E, quando finalizo, fico feliz em ter terminado e gostado do trabalho que concluí”, revela Sônia.