Em meio à luta contra a AIDS, o Brasil enfrenta desafios permanentes. Em 2022, o país registrou 50 mil novas infecções por HIV e 13 mil mortes relacionadas à doença. A faixa etária mais impactada? Jovens entre 15 e 29 anos, segundo dados da Unaids. Isso revela a necessidade premente de estratégias de prevenção e educação. Os números são preocupantes não apenas em escala nacional, mas também em Sergipe, onde nos últimos cinco anos foram notificadas 2.652 pessoas com HIV e 1.311 com Aids.
Essa situação é agravada pelas 14 mortes relacionadas à Aids no estado, ressaltando a importância de campanhas de conscientização e acesso a informações sobre prevenção. Esforços conjuntos entre governo, instituições de saúde e a sociedade civil são vitais para conter a Aids. A educação sobre práticas seguras, acesso facilitado a preservativos e testes, além de suporte para aqueles diagnosticados, são passos cruciais nessa batalha.
Dr Almir Santana, baluarte na luta contra a Aids, realiza palestras e campanhas educativas
O médico sanitarista e Responsável Técnico do Programa IST/Aids da Secretaria de Estado da Saúde, Dr Almir Santana, é uma referência nacional quando o assunto é Aids. Atuando desde o ano de 1987, quando criou, com um grupo de médicos, o Programa Estadual de IST/Aids, ele continua engajado na luta contra a Aids realizando palestras e campanhas educativas em todo o estado.
Segundo Dr Almir, é premente a necessidade de voltar a convencer as pessoas de que o preservativo continua sendo o insumo mais importante e seguro para a redução dos riscos de infecção não só com relação ao HIV, como também para outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). “Muita gente está se expondo ao risco de adquirir a infecção pelo HIV e não percebem. Por exemplo, pessoas me dizem assim: “Não uso camisinha mas escolho com quem me relacionar. Só me relaciono sexualmente com pessoas que já conheço ou pessoas que são limpas”. Sexualmente, ninguém conhece ninguém. A sexualidade de cada é íntima e só a própria pessoa conhece”, avalia.
Dr Almir Santana lembra que o tratamento contra a Aids é seguro e gratuito. Mesmo assim, 30 pessoas morreram de Aids por dia no Brasil em 2022. Existe, ainda, a Profilaxia Pós Exposição (PEP) ao HIV para situações pontuais de risco (rompimento do preservativo, violência sexual aguda) e a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) ao HIV, para exposições frequentes ao risco (pessoas que frequentemente mudam de parceiros e não usam preservativo).
O tratamento contra a Aids é seguro e gratuito
antirretrovirais
Existem dois serviços que atendem, à nível ambulatorial, as pessoas vivendo com HIV e Aids. De acordo com o médico, a disponibilização dos medicamentos antirretrovirais está normalizada, às vezes com algumas faltas pontuais mas, em geral, o Ministério da Saúde repõe sem comprometer o tratamento. Segundo Dr Almir Santana, existem algumas dificuldades com os usuários que perdem o seguimento, interrompendo o tratamento. “Às vezes é por problemas sociais”, explica.
Alguns obstáculos dificultam o tratamento para as pessoas que vivem com HIV/Aids. Na área social, em primeiro lugar é o aumento dos casos de HIV e Aids na pobreza. “Esse é um grande desafio, tentar minimizar as consequências da infecção pelo HIV nas pessoas que vivem em situação de pobreza. Pessoas que vivem com HIV ou com Aids, em cidades do interior, por exemplo, possuem dificuldades de vir até o Serviço de Referência no Cemar Siqueira Campos, por falta de dinheiro para o transporte e nem sempre as prefeituras colaboram”, lamenta o médico.
“Já solicitamos reunião com gestores municipais, na área de Assistência Social, para tentar minimizar esses problemas. Para as pessoas que vivem com HIV ou Aids e em situação de pobreza, o transporte sanitário é fundamental. Os usuários necessitam da realização de exames de controle, como carga viral do HIV e também receber os medicamentos. Também, ainda na área social, há a necessidade de ajuda com relação à melhoria das habitações dos usuários”, avalia Dr Almir Santana.
O médico lembra que o Brasil tem os melhores medicamentos antirretrovirais do mundo, mais eficazes e com menos efeitos colaterais. “Vem aí, para o próximo ano, um teste de sífilis junto com HIV, facilitando assim o diagnóstico das duas infecções. A sífilis é uma infecção muito séria e que traz repercussão até para a criança que ainda vai nascer. As novas tecnologias para prevenção também são grandes avanços. Tanto a PEP como a PrEP, certamente vão contribuir para a redução dos novos casos da infecção pelo HIV”, disse.
estratégias para combater o estigma e a discriminação
De acordo com o especialista, as ações de Direitos Humanos que são desenvolvidas em Sergipe vêm ajudando a reduzir o estigma e a discriminação, como os eventos que mostram que as pessoas que vivem com HIV ou com Aids têm os mesmos direitos humanos e merecem respeito. “Nesses anos de trabalho, realizamos várias ações de inclusão social junto às crianças e adultos, mostrando à sociedade que todos merecem respeito e atenção, tendo direito à escola, ao trabalho, à saúde e a uma vida digna”, lembra.
Acesso aos medicamentos
– PrEP nas Unidades de referências (USFs Anália Pina, Augusto César Leite, Cândida Alves, D. Sinhazinha, Francisco Fonseca, Geraldo Magela, José Calumby, Marx de Carvalho, Oswaldo de Souza, Roberto Paixão, Santa Terezinha) e no Cemar.
– PEP nas 45 Unidades, no Cemar e nos Hospitais Municipais Fernando Franco e Nestor Piva.
– HIV/AIDS no Cemar: Para os pacientes atendidos em outros municípios, na rede particular, de outros estados ou em trânsito, devem apresentar receita médica e documento de identificação com foto e podem retirar os medicamentos na Unidade Dispensadora de Medicamentos – UDM, que fica no Cemar Siqueira Campos.