O filhote foi arrastado por uma moto em Itabaiana no final de março
No dia 28 de março deste ano, as imagens de um cachorro sendo arrastado por um motoboy pelas ruas da cidade de Itabaiana (Agreste sergipano) chocaram e revoltaram muitas pessoas em Sergipe e no Brasil. O cachorro mal conseguia caminhar, suas patas queimaram no asfalto quente, as articulações incharam devido aos maus tratos, causando fortes dores.
Pitomba, como é chamado, foi resgatado da rua por um senhor chamado Adilson e, alguns dias depois, pela presidente da ONG Educação e Legislação Animal (Elan), Nazaré Moraes, que o levou para Aracaju.
“Eu o encontrei na casa do Sr. Adilson e ele precisava de muitos cuidados veterinários. Além do tratamento dos machucados provenientes da tortura que ele sofreu, fizemos a castração, microchipagem, vacinação e exame de sangue”, relembra Nazaré.
Para a alegria daqueles que acompanhavam a sua triste história, Pitomba foi adotado na última semana e, segundo a presidente da Elan, ele está bem e se adaptando à nova família que assinou um Termo de Guarda Responsável. “Na nova casa ele está bem, comendo ração e, como todo filhote, brincando muito”, conta.
O motoboy que arrastou o filhote de cachorro, identificado como Fabiano dos Santos Siqueira, contou à polícia que recebeu R$ 5 reais para se livrar do animal. Já a mulher apontada como dona do animal, Eliene dos Santos, afirmou em depoimento que não era a dona do cachorro, que ele tinha aparecido em sua porta. Alegando não ter condições de cuidar do animal, ela confessou que pagou o motoboy para levá-lo para outro lugar. A delegada responsável pelo caso, Josefa Valéria Andrade, indiciou Fabiano e Eliene pelos crimes de maus-tratos e abandono de animais.
ABRIL LARANJA
Revirando os arquivos do CINFORM, encontramos inúmeros casos de crimes e abusos contra animais. Em fevereiro de 2013, por exemplo, o aposentado Celso Ferreira Costa amarrou um jegue ao seu carro e o arrastou pelo povoado Três Barras, em Graccho Cardoso, também no sertão sergipano. O animal foi resgatado e levado para Aracaju, mas precisou ser sacrificado no dia seguinte devido aos gravíssimos machucados.
Outro caso de crimes contra animais são os envenenamentos, como os que mataram vários cães e gatos na cidade de Lagarto em 2012, mas também em tantas outras. Pensando em todos esses absurdos e perversidades, a Sociedade Americana para a Prevenção da Crueldade contra os Animais (ASPCA) dedica o mês de abril para sensibilizar, promover ações de conscientização e prevenir a crueldade contra o animal.
Em Sergipe, a recente aprovação de duas leis estaduais que fortalecem a Lei Federal nº. 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais), traz alento para aqueles que dedicam suas vidas a cuidarem daqueles que não possuem voz. A Lei nº 8.366/17 (Código de Proteção aos Animais) e a Lei nº 8.367/17 (Lei de Controle Populacional e Identificação de Cães e Gatos), ambas foram publicadas no Diário Oficial no dia 10 de janeiro deste ano.
“Essas duas leis são fundamentais porque, apesar de existir uma lei federal sobre os crimes contra os animais, é necessário tipificar esses crimes. Mas, além da lei, é preciso que haja uma fiscalização por parte das autoridades e da própria sociedade civil”, desabafa Nazaré.
Quando alguém presencia algum crime contra um animal, seja ele de qualquer porte ou espécie, é essencial colher provas, seja um vídeo, áudio ou foto. E, principalmente, fazer um boletim de ocorrência para que haja estatística sobre esses crimes.