Ex-governador Marcelo Déda recuperou a autoestima dos moradores da Zona Norte da cidade, entretanto, os governos seguintes abandonaram a velha Praia do Tecido

Inaugurada em dezembro de 2003, pelo então prefeito Marcelo Déda, a Orlinha do Bairro Industrial mudou a cara da região e trouxe turistas para a Zona Norte da cidade, até então esquecida pelo poder público. No entanto, quase 15 anos depois, o que podemos ver é um cenário desolador de falta de manutenção e de segurança.

Depois de Déda, os governos esqueceram totalmente o projeto, cuidaram de fazer uma expansão nos melhoramentos da Orlinha, largando de lado, entretanto, a obrigação básica de cuidar do que já estava feito e necessitava apenas de manutenção.

A antiga passarela de madeira, que beirava o Rio Sergipe, hoje quase não existe mais. Muitas tábuas de madeira foram retiradas e as que sobraram estão soltas, servindo de “guarda-volumes” para alguns frequentadores assíduos da região. Até mesmo a calçada de pedras portuguesas passou a oferecer um risco a quem passa por ali. Em diversos trechos da Orlinha é possível ver grandes buracos, onde deveriam estar as tradicionais pedras azuis e brancas.

Calçada de pedras portuguesas está destruída

Além de ter trazido turistas e, assim, movimentado o comércio na região, a obra também levou atrativos de esporte e lazer para os moradores do Bairro Industrial. Mas, sem manutenção, a quadra que fica próxima a uma empresa de telemarketing está abandonada. O alambrado está muito danificado e, em algumas partes, a própria população tentou fazer remendos.

A falta de segurança também afugenta do local os turistas visitantes de outros estados, bem como dos próprios aracajuanos. Segundo moradores, os assaltos na região são constantes, assim como o uso de drogas ilícitas. Na última semana, uma moça foi agredida e teve o seu maxilar quebrado ao resistir a um assalto em uma das ruas que dão acesso à Orla. Situação que poderia ter sido evitada se o posto da Guarda Municipal de Aracaju (GMA) ainda funcionasse na região.

O prédio que ficava bem próximo ao Centro de Artesanato Chica Chaves foi incendiado por vândalos duas vezes e hoje está abandonado.

Posto da GMA foi incendiado e está abandonado

CADÊ OS TURISTAS?

Graças à falta de manutenção e de segurança na Orlinha do Bairro Industrial, os turistas só vão até o local às sextas-feiras, praticamente, dia em que a Marinete do Forró percorre os pontos turísticos da capital. Essa situação prejudica muitas artesãs e donos de bares da região.

As artesãs que trabalham no Centro de Artesanato Chica Chaves, por exemplo, precisam pagar somente à Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb) uma taxa mensal de R$ 35. Sem falar no pagamento da previdência, que lhes garante a aposentadoria, o que as obriga a gastarem pelo menos R$ 110 por mês com taxas.

“Teve a reforma aqui no Chica Chaves, o espaço ficou lindo, mas o que nos atrapalha é o entorno. Aqui é um local turístico, estamos na alta temporada, mas não conseguimos vender nem no final de ano, por exemplo. Às vezes ficamos o dia todo aqui e não conseguimos vender nada. A Orlinha está toda destruída e não tem segurança! Você não pode tirar uma foto, porque corre o risco de ser assaltado”, denuncia a artesã Denise Pereira.

Nem mesmo a placa com o nome da Orla escapa da falta de manutenção

Dos 15 boxes do Centro de Artesanato 14 funcionam, mas todos abrem somente às sextas-feiras. No dia em que a nossa equipe de reportagem foi até o local, última quinta-feira, apenas quatro estavam abertos. Segundo as permissionárias do local, a falta de manutenção na Orlinha atrapalha o comércio na região há pelo menos três anos.

A equipe do CINFORM, devido ao adiantado do horário, decidiu almoçar em um restaurante do local. Excelente localização, uma bela vista – se olharmos ao longe – às margens do Rio Sergipe, ótimo atendimento, boas instalações, um perfeito pirão de cação e a mesma queixa: “A Orlinha está abandonada e sem segurança, a passarela de madeira destruída, os calçamentos todos quebrados, nenhum policiamento, a Orlinha foi esquecida pelas autoridades”, desabafou o garçom no Bar e Restaurante do Peixe.

Por falta de ação pública, populares tentaram remendar o alambrado

ESPERANDO RECURSOS

Segundo a Empresa Municipal de Obras e Urbanização (Emurb), o projeto das obras de reurbanização da Orlinha do Bairro Industrial já foi elaborado e orçado em R$ 1,7 milhões. “Foi feita uma parceria com o Governo do Estado, por meio da Secretaria do Turismo, para que a obra fosse realizada com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), através do Prodetur”, informou por meio de nota.

Em nota enviada ao CINFORM, a Secretaria de Estado do Turismo informou que o documento para a obtenção dos recursos da obra já está em fase de tramitação junto ao BID.

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