Medicamento de preço elevado e de fornecimento obrigatório,
o Aromasin inibe que novas células cancerígenas se desenvolverem
Imagina você receber o diagnóstico de câncer de mama e não ter o tratamento devido… Essa é a realidade de centenas de mulheres sergipanas, mas, além da dificuldade em realizar as sessões de radioterapia, nos últimos dias as pacientes receberam mais um duro golpe. O Movimento Mulheres de Peito denuncia que há mais de 15 dias o medicamento Aromasin (exemestano) está em falta no Hospital de Urgências de Sergipe (Huse).
“O Aromasin é um remédio para as mulheres que tiveram câncer de mama. Depois do tratamento com rádio e quimioterapia, e cirurgia, nós precisamos fazer um tratamento de uso contínuo de remédios que dura cinco anos. Durante metade desse período, a depender de cada caso, o tratamento é feito com o Aromasin porque ele serve como um bloqueador para que o câncer não se espalhe para a outra mama ou para outras partes do corpo. E tem mulheres que estão há mais de 15 dias sem tomar o remédio porque não tem no Huse”, comenta a representante do movimento Mulheres de Peito, Sheyla Galba.
Nem o movimento nem a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informaram o número de mulheres que dependem desse remédio. O oncologista clínico William Soares explica que o remédio pode ser utilizado em diversos estágios do tratamento contra o câncer de mama.
“O exemestano é um medicamento antineoplásico, disponível em comprimido, que inibe uma enzima que temos no nosso corpo chamada aromatase. Essa enzima é responsável pela produção do hormônio estrógeno nas mulheres durante a menopausa. Como sabemos que o estrógeno pode estimular o crescimento de alguns tipos de câncer de mama, conseguimos, então, através desse comprimido, reduzir os níveis desse hormônio e impedir que o tumor receba este estímulo de crescimento. Há várias décadas diversos estudos mostram que o bloqueio de alguns hormônios traz claramente uma redução no risco de retorno da doença e um aumento da sobrevida”, explica.
Segundo Sheyla, existem algumas pacientes assistidas pelo Mulheres de Peito e que, sem tomar o medicamento estão de cama ou já apresentam febre. “Tem mulheres no nosso grupo que já estão apresentando febre, outra está de cama sem conseguir se levantar. Não sabemos se isso é um efeito da falta da medicação ou se é o psicológico, até porque essa situação é muito desgastante. Estamos falando de um remédio que inibe que o tumor volte ou se espalhe”, alerta.
Procurada pela equipe de reportagem do Cinform, a Secretaria de Estado da Saúde informou que foi realizado um processo licitatório para a compra do medicamento, mas a empresa vencedora não realizou a entrega.
“Em relação ao Aromasin, nós realizamos um processo licitatório para a compra do medicamento, porém a empresa vencedora não quis entregar e nós tivemos que chamar a segunda colocada. Ela se comprometeu a entregar o medicamento no próximo dia 15”, informou.