O cuidado diário com o controle da glicemia ganhou um novo aliado para usuários da rede municipal de saúde de Aracaju. A Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), lançou nesta segunda-feira, 15, no auditório Padre de Melo da Universidade Tiradentes (UNIT), o projeto pioneiro “Sem Medir a Vida. A iniciativa assegura o acesso gratuito à monitorização contínua de glicose para pessoas com diabetes tipo 1 atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) municipal, com entrega inicial dos sensores e acompanhamento especializado no Centro de Especialidades Médicas de Aracaju (CEMAR).
Durante o evento, os pacientes receberam o primeiro sensor Libre 2 Plus, tecnologia de ponta que permite o acompanhamento glicêmico em tempo real, com leituras automáticas, alarmes para alterações de glicose e duração de até 15 dias, reduzindo drasticamente a necessidade de punções diárias nos dedos. A partir de agora, os sensores e leitores serão dispensados mensalmente pelo SUS municipal, garantindo continuidade do tratamento.
Atualmente, a maioria das pessoas com diabetes tipo 1 depende da medição capilar, método invasivo e doloroso, especialmente para crianças e adolescentes. Com o novo projeto, Aracaju democratiza o acesso a um insumo de alto custo, historicamente inacessível para muitas famílias, promovendo mais conforto, segurança e qualidade de vida aos usuários da rede pública.
Além da entrega dos dispositivos, o “Sem Medir a Vida” assegura acompanhamento multiprofissional integral no Ambulatório de Referência em Endocrinologia do CEMAR, com endocrinologistas pediátricos e de adultos, enfermeiros especializados e nutricionistas. O protocolo municipal contempla pacientes de 2 a 22 anos, residentes em Aracaju e em acompanhamento regular no ambulatório.
A secretária municipal da Saúde, Débora Leite, destacou que a tecnologia é uma ferramenta essencial para prevenir complicações graves da doença. “Esse dispositivo não é a salvação, mas é um instrumento fundamental para um controle mais eficaz da glicemia. Investir precocemente nas crianças e adolescentes é garantir menos riscos de doenças renais, oftalmológicas e amputações no futuro. É um compromisso da Saúde de Aracaju com essas famílias”, afirmou.
Entre os beneficiados está Marcos Vinícius Resende, de 16 anos, que convive com o diabetes desde os seis. Para ele, o sensor representa uma mudança concreta na rotina. “Já fiquei internado em coma, na UTI, e a doença prejudicou meus estudos. Agora acredito que vai ser melhor. É uma grande conquista e vai ajudar muito na minha qualidade de vida”, relatou. A tia de Marcos, Camila Carvalho, reforçou o impacto do projeto no dia a dia da família. “Ele não gosta de se furar várias vezes ao dia. Esse aparelho vai ser uma bênção, vai ajudar ele a se cuidar mais e a viver melhor”, disse.
Mãe da pequena Mariana Menezes, de quatro anos, diagnosticada com diabetes tipo 1 aos dois, Ana Raquel Oliveira destacou o alívio trazido pela tecnologia. “Quem é mãe de pâncreas sabe a luta diária, de acordar à noite para medir glicemia. É um tratamento maravilhoso. Só gratidão por ter acesso a algo tão digno para nossos pequenos”, declarou.
Já Gilvane Ribeiro, mãe de Thaís Fonseca, de 12 anos, relembrou o susto do diagnóstico e ressaltou o ganho em qualidade de vida. “Se eu não tivesse identificado a glicemia alta a tempo, poderia ter sido fatal. Hoje, contar com esse tratamento é qualidade de vida, não tem explicação”, afirmou. Thaís, por sua vez, aprovou o uso do sensor. “Não doeu nada. É prático, apita quando a glicemia está alta ou baixa e me faz sentir mais segura”, contou.
A coordenadora da Rede de Atenção Especializada (REAE), Tércia Monteiro, explicou que o projeto foi estruturado para atender principalmente crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social. “O sensor é de alto custo e precisa ser trocado quinzenalmente. Com o projeto, garantimos acesso gratuito, educação continuada, acompanhamento mensal e o uso do leitor, independentemente de compatibilidade com celular, pensando na realidade das famílias”, destacou.
Representando o Instituto Diabetes Brasil, Cândido Rocha ressaltou o caráter inovador da iniciativa. “O monitor contínuo torna o tratamento mais humano e preciso. Aracaju dá um primeiro grande passo como política pública e se torna referência no Nordeste. Esperamos que esse modelo seja replicado em outros municípios, porque essa é uma necessidade urgente”, afirmou.
Com o projeto “Sem Medir a Vida”, a Saúde de Aracaju consolida uma política pública permanente voltada à qualificação do cuidado às pessoas com diabetes tipo 1. A medida fortalece a linha de cuidado em endocrinologia, reduz barreiras ao tratamento, previne complicações associadas à doença.
Fonte, Agência Aracaju de Notícias.
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