
Pesquisas da AtlasIntel mostram 55,2% aprovam a operação e 42,3% desaprovam
A megaoperação policial no Rio de Janeiro, que cumpriu dezenas de mandados contra lideranças do crime organizado na terça-feira (28), recolocou a segurança pública no topo da agenda nacional. Pesquisas da AtlasIntel mostram um país dividido, mas com maioria favorável à ação: no cenário nacional, 55,2% aprovam a operação (42,3% desaprovam), com avaliação do nível de força quase empatada entre “adequado” (52,5%) e “excessivo” (45,8%).
A polarização segue a linha do voto de 2022: entre eleitores de Bolsonaro, a aprovação é maciça; entre os de Lula, predomina a desaprovação. No Rio, onde a violência é vivida no dia a dia, o apoio é maior: 62,2% aprovam a operação, e 62,3% consideram adequado o uso da força. O dado mais eloquente vem das favelas cariocas: 87,6% aprovam a ação e 86,1% defendem novas operações – números que contrariam leituras superficiais sobre o tema.
Crime em alta justifica ação policial dura
A distância entre a percepção nacional e a realidade do Rio ajuda a explicar o humor do debate: 95,1% dos cariocas dizem viver criminalidade “alta” ou “muito alta”; 83,8% enxergam piora; 81,4% têm medo de sair de casa; 57,6% testemunharam crime nos últimos três meses. Esses dados transbordam para a política – e, por consequência, para o debate eleitoral: quando perguntados quem tem as “melhores propostas” para enfrentar o crime, 49,9% dos cariocas citam “a direita” (44,3% no Brasil), enquanto “a esquerda” aparece com 22,2% no Rio (33,9% no país).
Não por acaso, a segurança – vetor que alçou a direita ao centro do poder em 2018 – volta a figurar entre os motores do debate para 2026. O “voto segurança” tende a ganhar relevância nas eleições federais (presidência, Senado e Câmara) e também nas estaduais, especialmente onde a sensação de desordem é crônica. A divisão de responsabilidades também pesa: 46,4% atribuem a segurança ao governo estadual e, quando perguntados sobre falhas de articulação, o julgamento se racha entre esferas estadual e federal – outro retrato da polarização.
No núcleo da ação no Rio, André Moura quer o aumento de penas contra crimes
Sergipe tem um protagonista no epicentro da megaoperação de combate ao crime organizado: o ex-deputado federal André Moura (União Brasil), atual secretário de Governo do Rio de Janeiro. Homem de confiança do governador Cláudio Castro (PL), ele integra o núcleo responsável pela coordenação política e logística que viabilizou a operação – e tem defendido publicamente o binômio “firmeza com legalidade” no combate às facções do crime organizado: cumprir ordens judiciais, admitir investigação de excessos e sustentar que repressão sem atualização da lei não produz resultados com efeito prático e consistente na vida da população.
Para além do cargo, André Moura carrega mais de uma década de militância legislativa na pauta. Entre suas proposições quando esteve deputado federal (até 2018), está o PL 795/2011, que amplia de 30 para 50 anos o teto de cumprimento de pena privativa de liberdade (art. 75 do Código Penal).
Também propôs endurecimento contra o crime nas franjas do sistema: PL 2536/2011 e PL 4853/2012 que tornam obrigatório o trabalho do preso para custear o sistema e indenizar vítimas; defendeu câmeras de vídeo e tecnologia em áreas sensíveis (PL 4847/2016; PL 10747/2018); buscou agravar a proteção a agentes públicos (PL 10748/2018, tornando hediondos os crimes contra policiais e operadores da Justiça); e atuou na responsabilização de torcidas organizadas, que resultou na Lei 13.912/2019, sem contar que defende a redução da maioridade penal. Na prevenção, propôs disciplina obrigatória sobre o perigo das drogas nas escolas (PL 8073/2014).
Pré-candidato ao Senado no próximo ano, a agenda que André Moura pretende apresentar caso seja eleito, a qual o Cinform teve acesso com exclusividade, dialoga com o que parte do país cobra hoje: penas mais duras para armas de uso restrito, menos manobras protelatórias no Judiciário em crimes hediondos, aprimoramento do confisco alargado de bens e um programa nacional de tecnologia (cercas digitais, OCR [Reconhecimento Óptico de Caracteres, tecnologia usada para ler e extrair texto de imagens, como placas de veículos], integração de dados com governança e controle). Tudo ancorado no compromisso de cumprir decisões judiciais, investigar eventuais abusos e devolver o controle do território ao Estado.
O pano de fundo é conhecido: as facções cresceram, sofisticaram-se e, à moda das máfias, já operam para além da ilegalidade imediata. A infiltração no tecido econômico – por meio de atividades “legais” que lavam dinheiro ilícito – cria um circuito de receita bilionário e, pior, contamina cadeias produtivas e instituições.
Estimativas recentes apontam que o crime organizado já movimenta mais de R$ 150 bilhões ao ano no Brasil, somando atividades de fachada e o núcleo duro do tráfico. Esse “motor paralelo” da economia, que gera emprego e renda sem contrapartida cidadã, é uma armadilha: desloca o Estado, captura territórios e tenta influenciar política e Judiciário.
É por isso que o debate não pode ser raso. Ele exige lei mais forte, inteligência policial, coordenação entre poderes e presença continuada – uma combinação que encontra eco nas propostas defendidas por André Moura e que volta a se impor, com força, no calendário de 2026. Neste sentido, a megaoperação no Rio reacendeu o tema, expôs a fratura da opinião pública e evidenciou que, onde a violência é cotidiana, a sociedade clama por respostas firmes dentro da lei. Caberá às lideranças – em Brasília e nos estados – transformar esse clamor em política pública séria, com metas, métricas e controle democrático. Em Sergipe, a discussão já tem voz ativa.
Por Habacuque Villacorte da equipe CinformOnline.
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