
O reconhecimento foi atribuído a Raissa Cruz e a Emmanuel Lima, diretor da Viação Atalaia, pelo diálogo que estabelecem com a comunidade
No início da segunda quinzena deste mês (16), o Museu da Gente Sergipana recebeu a 17ª edição do Prêmio Pipiri – Gente que Faz a Diferença. A solenidade homenageia pessoas com deficiência que se destacam em diferentes segmentos da sociedade, assim como personalidades que atuam pelo fomento à inclusão social. Neste ano, a iniciativa reconheceu Raissa Cruz, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Município de Aracaju (Setransp), e Emmanuel Lima, diretor da Viação Atalaia, pelo desempenho na inclusão da pessoa com deficiência.
A honraria, promovida anualmente pelo Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CMDPCD), em parceria com a Secretaria Municipal da Assistência Social, homenageou os participantes da gestão do setor não apenas pelo trabalho já realizado em favor da inclusão, mas também pelo compromisso com a priorização de um espaço participativo, onde membros da comunidade de pessoas com deficiência fazem parte ativamente das tratativas do setor.
Raissa Cruz, que foi acolhida de forma calorosa pelo público durante a entrega do troféu, ressalta que “é uma grande honra receber o Prêmio Pipiri, porque aqueles que nos indicam a uma honraria como esta são os mesmos que estiveram, muitas vezes, conosco discutindo estratégias, cobrando melhorias e celebrando juntos as mudanças para uma maior inclusão social. Sabemos que ainda há muito a melhorar, especialmente no transporte público, mas ficamos felizes em saber que estamos no caminho”.
O reconhecimento a Emmanoel Lima foi recebido pela coordenadora do Despoluir, Giselle Souza, que o representou na cerimônia. O diretor ressalta a importância de priorizar a inclusão da pessoa com deficiência, desde o processo de tomada de decisão do setor até a implementação de ações que promovam acessibilidade, para que os resultados realmente beneficiem a mobilidade desse grupo no dia a dia.
“Sabemos que o transporte público ainda tem a evoluir, embora já tenhamos alcançado grandes resultados. Esses avanços vêm do diálogo constante com a comunidade de pessoas com deficiência, que de forma persistente quer contribuir. É dever e compromisso da Viação Atalaia não apenas ouvir, mas também colocar em prática ações que beneficiem o dia a dia dessas pessoas, garantindo acesso e participação”, afirmou.
Sob o tema “Superação na Adversidade”, o evento contou ainda com a comemoração dos 24 anos do CMDPCD, palestras e apresentações artísticas inclusivas.
A presidente do CMDPCD, Elaine Cristina, pontua que “o Conselho está muito feliz por mais uma edição do Prêmio Pipiri. Em 19 de junho, completamos 24 anos, que também foram celebrados na 17ª edição do prêmio. Este ano, trouxemos um resgate do Conselho, desde sua fundação até os dias atuais, estendendo a homenagem aos presidentes que ajudaram a construir sua trajetória, desde os primeiros até a atual gestora. Também tivemos a oportunidade de homenagear algumas pessoas que sempre ajudam o Conselho nessa caminhada de inclusão, como a presidente do Setransp, Raissa Cruz, que sempre prioriza a inclusão da pessoa com deficiência por meio da mobilidade urbana”.
Inclusão
O diretor de Transporte Público da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito de Aracaju, Coronel Cruz, também esteve presente no evento e ressaltou a relevância do teste dos elevadores ser realizado por pessoas que utilizam cadeiras de rodas, uma vez que elas são majoritariamente as que vão fazer uso do equipamento, destinado a qualquer passageiro com baixa mobilidade.
“A parceria do município de Aracaju, por meio da SMTT, com o Setransp garante a acessibilidade na frota do transporte público. O Conselho de Pessoas com Deficiência realiza a prova do veículo, testando os equipamentos e apontando melhorias. Recentemente, foi sugerida a instalação de sinais sonoros nos pontos de ônibus, para que pessoas com baixa visão identifiquem a chegada do veículo e a linha correspondente. Essa sugestão já foi encaminhada aos fabricantes para análise, visando que os próximos veículos incorporem essas melhorias, ampliando cada vez mais a inclusão no transporte público”, salienta Cruz.
Everton de Jesus Vieira, que se locomove com o auxílio de cadeiras de rodas, era o responsável por testar os elevadores dos ônibus enquanto fazia parte do Comitê de Acessibilidade do Conselho. Isso permitia que Everton representasse a comunidade de pessoas com deficiência no diálogo e na avaliação da funcionalidade dos equipamentos e da acessibilidade dos espaços adaptados da frota.
“É muito importante que o servidor, representado pelas empresas de ônibus e pelo sindicato que as representa, esteja próximo de quem utiliza o ônibus, especialmente das pessoas com deficiência, para nos ouvir e entender nossas necessidades. A parceria entre o Conselho e o setor de transporte é fundamental porque nos permite avaliar equipamentos que promovem a inclusão social, como elevadores e rampas, e opinar para que as empresas façam as melhorias que garantam nossa segurança e conforto”, pontua Everton.
Pipiri
O Prêmio leva o nome de Pipiri em homenagem a Humberto Santos, poeta alagoano que construiu sua trajetória literária em Sergipe. Conhecido pelas crianças como Maluco de Deus e, pela maioria, como Pipiri, o poeta tinha deficiência intelectual, condição que o levou à aposentadoria ainda jovem. Vítima de frequentes episódios de discriminação e preconceito, acabou se entregando ao alcoolismo.
Nos últimos anos de vida, foi impedido de se apresentar em praças, teatros e educandários, espaços onde costumava entreter o público com suas poesias e sátiras. Pipiri faleceu em um atropelamento na região central de Aracaju.
Apesar da trajetória marcada por dificuldades, sua memória permanece viva. Há 17 edições, o Prêmio Pipiri valoriza e reconhece pessoas com deficiência que, assim como ele, desenvolvem importantes trabalhos e deixam sua marca na sociedade.
Fonte, Ascom – Setransp