Para crianças surdas em idade escolar, ser compreendido é o primeiro passo para aprender. Pensando nisso, a Prefeitura de Aracaju garante intérpretes de Libras e instrutoras surdas para acolher e incluir alunos com deficiência auditiva na rede municipal de ensino. Mais do que um apoio técnico, esse trabalho representa uma ponte entre a construção do saber e as descobertas da infância, promovendo não apenas a comunicação em sala de aula, mas também o respeito, a convivência e o desenvolvimento pleno de cada criança.

Atualmente, a rede conta com 10 intérpretes de Libras, duas instrutoras e nove escolas preparadas para atender crianças surdas. São 20 alunos matriculados, sendo que três estão matriculados na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Professor Florentino Menezes. Wallisson de Jesus, 14 anos, do 6º ano; Lohane de Jesus, 8 anos, e Iasmyn Vitória, 7 anos, ambas do 2º ano são acompanhados por instrutoras e intérpretes que desenvolvem junto à professora da sala de aula, as atividades escolares, a adaptação do conteúdo e mediação da comunicação com colegas e professores.

As instrutoras, que também são surdas, atuam como referências para os estudantes, fortalecendo o sentimento de pertencimento e identidade. Elas fazem um rodízio entre as nove escolas do município que oferecem o apoio dos intérpretes. Essa atuação permite que mais estudantes sejam alcançados, independentemente do bairro ou da faixa etária. Outro ponto valioso do trabalho das instrutoras é o acolhimento e o apoio que elas destinam aos alunos surdos. Elas reforçam com eles a importância da realização das tarefas escolares.

Segundo a instrutora Lais Helena, o aluno Wallisson, irmão de Lohane e acompanhado por ela, apresentou um avanço significativo desde que começou a estudar. “Ele chegou sem saber praticamente nada e hoje já consegue se comunicar melhor. A irmã dele também é surda e hoje tanto ele quanto ela estão sendo alfabetizados aqui no Florentino Menezes. Ainda enfrentamos desafios, como a falta de acessibilidade em Libras em alguns materiais, mas estamos avançando e é isso que importa. Além disso, nossa presença é importante para eles terem o sentimento de pertencimento”.

A professora Fernanda Santana, responsável pelo 2º ano A, turma em que estudam as alunas Lohane e Iasmyn, relata que esta é a primeira vez que leciona para estudantes surdas. “Tem sido um aprendizado diário. Ao mesmo tempo em que ensino, eu também aprendo com elas e sou muito grata por isso. A presença das instrutoras também é essencial para esse processo. As meninas participam das atividades, interagem com os colegas e isso tem despertado na turma um olhar mais empático e respeitoso. Libras não é somente a linguagem de sinais, é também identidade”.

Elenilde Reis, intérprete da EMEF Florentino Menezes há um ano, acompanha alunos de diferentes idades e destaca o impacto da presença de intérpretes na sala de aula. Para ela, esse trabalho é essencial para garantir o direito à aprendizagem. “Não é só tradução, é um processo de escuta, construção e respeito à identidade surda. A gente adapta a linguagem, o ritmo e até as dinâmicas para a realidade deles. Essa construção é muito gratificante para nós enquanto profissionais e também enquanto ser humano”.

As crianças da turma que não possuem surdez também são envolvidas no processo de inclusão, participando de dinâmicas pensadas para estimular a empatia, o diálogo e o respeito às diferenças. Nessas atividades, elas observam a forma como os colegas surdos se comunicam e passam a compreender, na prática, a importância de construir um ambiente onde todos se sintam pertencentes. As ações são sempre acompanhadas por intérpretes e instrutoras, que garantem que a comunicação aconteça de forma acessível.

Saiba como é o processo de matrículas para a Educação Especial
Quando abre o período de matrículas em janeiro, começa justamente com prioridade para pessoas com deficiência. O primeiro dia é destinado a esse público, garantindo atendimento preferencial e acesso facilitado às vagas.

Fonte, Agência Aracaju de Notícias.

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