
A prefeita de Aracaju Emília Côrrea esteve presente no evento que divulgou os resultados obtidos no Censo da População em Situação de Rua de Aracaju (Censo Pop Aju), realizado no auditório da Empresa Municipal de Obras e Urbanização (Emurb), na manhã desta quinta-feira, 13. O levantamento produziu a contagem censitária e a caracterização da população em situação de rua da cidade de Aracaju. A ação envolveu a participação de cerca de 50 recenseadores e contabilizou que 623 pessoas atualmente moram nas ruas da capital.
A gestora ressaltou a importância do censo e da apresentação destes dados para a criação de políticas públicas mais eficazes. “Com esses dados em mão, nós teremos um número real de quantas pessoas estão em situação de rua em Aracaju, o que nos permite agir de forma mais assertiva. Desta forma, nós podemos entender melhor essa população, saber quem deseja sair dessa condição, quem quer permanecer e os motivos por trás dessas escolhas. Muitas vezes, o que falta é diálogo e oportunidade, e esse levantamento nos dará a base para construir soluções mais eficazes e humanizadas”, afirmou a prefeita.
A secretária municipal da Família e Assistência Social, Simone Valadares, também reforçou a relevância do estudo. “Precisávamos atualizar os dados. O aumento da população em situação de rua no país, especialmente após a pandemia, exige que o poder público tenha informações precisas para oferecer assistência adequada. A partir desses dados, a Secretaria Municipal da Família e Assistência Social vai poder formular políticas públicas específicas e direcionadas para cada situação”, destacou.
Matheus Barros, integrantedo grupo de trabalho que realizou o censo, explicou que o estudo é fruto de mais de dois anos de esforço coletivo, envolvendo pesquisadores, movimentos sociais e a própria população em situação de rua. “Nosso principal objetivo foi fortalecer o conhecimento sobre essa população para aprimorar e criar políticas públicas mais eficazes. Esse momento também serve para divulgar os dados à sociedade e reconhecer o trabalho de todos os envolvidos, como órgãos públicos, universidades e movimentos sociais”, afirmou.
A assistente social Rosivânia Ramos, da Associação Bom Pastor e apoiadora do Movimento Nacional da Pessoa em Situação de Rua, também comemorou a iniciativa. “Há mais de dois anos lutamos por esse censo, ouvindo e envolvendo a população em situação de rua. Foi um esforço coletivo, superando desafios e burocracias, até tornar essa política pública uma realidade. Hoje, apresentamos dados que podem transformar vidas e promover mais inclusão. É um marco histórico e uma grande alegria para todos nós.”
Os números apresentados reforçam a necessidade de ações integradas para garantir acolhimento, acesso a serviços básicos e oportunidades de reinserção social. Além do perfil quantitativo, o Censo Pop também levantou informações sobre as principais demandas dessas pessoas, como moradia, trabalho e saúde. Com os resultados em mãos, a Prefeitura de Aracaju pretende fortalecer as políticas de assistência social e articular ações com diferentes setores para reduzir a vulnerabilidade desse público.
O grupo de trabalho responsável pela realização do Censo Pop é composto pela Prefeitura de Aracaju, pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), pela Comunidade Católica Bom Pastor, Movimento Nacional da Pessoa em Situação de Rua (MNPR), Pastoral do Povo da Rua, Ministério Público Federal (MPF), Tribunal Regional do Trabalho (TRT), Conselho Regional de Psicologia – 19ª Região e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – seccional Sergipe.
Censo Pop Aju
O seminário de divulgação do Censo Pop Rua 2024 abordou a realidade da população em situação de rua, com critérios de inclusão que consideraram adultos em situação de abrigo, acolhimento noturno ou hospitalização. O levantamento foi dividido em duas etapas: contagem e caracterização, abrangendo dados como faixa etária, distribuição étnico-racial e de gênero, tempo de vida na rua e locais de permanência. Foram investigados aspectos como acesso à documentação, condições de saúde, consumo de drogas, alimentação, higiene, trabalho, cultura, lazer e moradia. Também foram analisadas experiências de violência, incluindo abusos por agentes de segurança e violência contra mulheres e LGBTQIA+.
Dados apresentados
A maioria da população em situação de rua de Aracaju tem entre 30 e 47 anos;
78,7% são pretos e pardos e 17,4% são de pele branca;
81,1% são do sexo masculino e 16,2 são do sexo feminino;
36% das pessoas vivem nas ruas há mais de cinco anos;
67,9% sabem ler e escrever, enquanto 12,96% têm dificuldades e 11,73% não sabem ler e nem escrever;
2,47% recebem algum benefício financeiro;
40% relataram sofrer violência por parte de agentes de segurança pública.
Fonte, Agência Aracaju de Notícias.