Por Shirley Vidal
A saúde íntima das mulheres está diretamente ligada à higiene feminina e aos cuidados preventivos. Com isso, evita-se casos de infecções e repetições desses quadros. Dados da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) apontam que sintomas como corrimento vaginal, irritação, coceira e ardor são experimentados por cerca de 75% das mulheres. A pesquisa da Febrasgo, conduzida pelo Datafolha, intitulada ‘Expectativa da mulher brasileira sobre sua vida sexual e reprodutiva’, também aponta que 4 milhões de mulheres nunca procuraram atendimento ginecológico.
Para a ginecologista Dra Jacqueline Mazzotti, com três pós-graduações no currículo, em Medicina Integrativa, Sexualidade Humana e Nutrição e Saúde da Mulher, sintomas como corrimentos podem ser sim indicativos de infecções vaginais. “Pode ser candidíase, vaginose bacteriana, ou outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). A abordagem inicial deve incluir uma consulta ginecológica para uma avaliação adequada”, sinaliza a médica.
Ela conta que é preciso realizar um exame físico e, se necessário, coletar amostras para testes laboratoriais como PCR IST e Culturas de secreção a fim de identificar a causa exata, para finalmente prescrever o tratamento adequado.
Para auxiliar na manutenção da saúde íntima, a higiene é crucial. Mas é importante ressaltar que a vagina já possui bactérias que impedem a proliferação de bactérias hostis que causam infecções e coceiras. Dra. Jacqueline recomenda lavar a região genital externa com água em temperatura ambiente e, se necessário, um sabonete íntimo com pH balanceado entre 5-6. “Evite o uso de sabonetes perfumados ou agressivos e duchas internas. E seque bem a região após a lavagem para evitar umidade excessiva”, orienta.
Além desses cuidados básicos, a ginecologista instrui para trocar a roupa íntima diariamente, lavar a calcinha na mão e não na máquina, estendendo-a em ambientes arejados e passando ferro no fundo da mesma. “Prefira usar calcinhas de algodão, bem como vestidos e saias. Evite o uso de protetor diário e pode dormir sem calcinha à vontade”.
Permitir a ventilação da região genital e reduzir o uso de roupas íntimas apertadas ou sintéticas também são aliados da saúde íntima. No caso da mulher apresentar muita secreção, Dra. Jacqueline orienta trocar a roupa íntima a cada 3 ou 4h.
Outro vilão para a ‘ppk’ são os absorventes perfumados. “Considere o uso de absorventes de tecido ou coletores menstruais, que podem ser menos irritantes para algumas mulheres”, a médica traz opções, inclusive ambientalmente responsáveis.
Candidíase de repetição
A causa para o surgimento de candidíase são fungos que gostam de ambientes quentes e úmidos. Para muitas mulheres, esta é uma visita rotineira, que aparece com frequência na ‘ppk’. “Primeiro é necessário avaliar se há apenas candidíase ou alguma bactéria associada. Identificar possíveis fatores desencadeantes como uso de antibióticos, estresse, dieta rica em açúcares ou uso de roupas íntimas inadequadas”, comenta Dra. Jacqueline.
Para isso, a ginecologista diz que é fundamental manter uma dieta balanceada com baixo teor de açúcares e carboidratos refinados. Bem como evitar duchas vaginais e produtos perfumados na região genital.
“ É preciso considerar o uso de probióticos para ajudar a equilibrar a flora vaginal, além de reforçar a imunidade, reavaliando o déficit de vitaminas. Outro ponto é avaliar disbiose intestinal, pois muitas vezes há desregulações no intestino e acaba refletindo na vagina”, esclarece a especialista.
Para ter uma conclusão do quadro, é fundamental ir ao ginecologista para uma avaliação detalhada e, se necessário, um tratamento antifúngico de longo prazo.
9 Cuidados na relação sexual e método contraceptivo
Sexo e prevenção são temas que merecem atenção e cuidados especiais. Confira 9 dicas salutares da Dra. Mazzotti:
1 – Usar preservativo para prevenir Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST);
2 – Urinar após relação ajuda eliminar possíveis bactérias;
3 – Manter boa higiene antes e após a relação;
4 – Dispor de comunicação aberta com o parceiro sobre sintomas ou desconforto se surgir;
5 – Considerar o estilo de vida e preferências pessoais da paciente para escolha do método contraceptivo;
6 – Avaliar histórico médico e condições de saúde que possam influenciar na escolha do método;
7 – Discutir os diferentes tipos de métodos disponíveis, incluindo pílulas anticoncepcionais, DIUs, implantes, anéis vaginais, entre outros;
8 – Falar sobre os efeitos colaterais e eficácia de cada método;
9 – Monitorar e ajustar o método escolhido com acompanhamento regular.
Para um check-up ginecológico periódico o recomendável é um anual para a maioria das mulheres. A consulta ginecológica vai recomendar exame pélvico, ultrassom transvaginal, Papanicolau (a cada três anos a partir dos 21 anos), e testes de ISTs conforme necessário.
“Exames de sangue para verificar níveis hormonais, função tireoideana , vitaminas e sais minerais e outras avaliações”, complementa a médica.
Dra. Jacqueline diz que a mamografia é a partir dos 40 anos, mas a recomendação médica é também baseada no histórico familiar da paciente. No caso de mulheres na menopausa é ainda indicado um acompanhamento de saúde óssea.
Para essas pacientes, os incômodos dessa fase são desafiadores. Mas têm alívio. Dra. Jacqueline diz que manter uma dieta saudável e rica em cálcio e vitamina D ajuda bastante. A rotina em praticar exercícios físicos regulares também irá melhorar a saúde óssea e cardiovascular. A médica orienta que de preferência, a musculação.
“Podemos ainda considerar a terapia hormonal, se indicado, e sempre avaliar riscos e benefícios. É interessante adotar técnicas de redução de estresse, como yoga e meditação. Hidratar a pele e mucosas com cremes e lubrificantes adequados e dispor de um sono regular e de qualidade. Além disso, evitar o consumo excessivo de cafeína e álcool”, pontuou.
Dra. Jacqueline atende na Clínica Mazzotti, que fica no Neo office – Jardins e mantém um canal de comunicação aberto com as pacientes pelo Instagram @drajacquelinemazzotti.