“Onde o Programa Gás para Empregar vai gerar empregos? Espero que seja no Brasil. Não na Bolívia e na Arábia! Afirmou nesta quarta-feira, 7, o senador Laércio Oliveira ao discursar no Plenário do Senado e demonstrar seu espanto ao ver uma ideia de ter a Petrobras da Arábia para produção de fertilizantes através de investimentos cruzados.

“Este ano apareceu outra ideia duvidosa: fazer parceria com a Bolívia para a construção de plantas de fertilizantes fora do Brasil. Um país onde a produção de gás vem caindo por falta de investimentos e questões políticas bem conhecidas de todos”, criticou.

Laércio cobrou do governo federal medidas para que a produção de fertilizantes no Brasil saia do discurso para a prática. “Quero insistir em projetos que gerem mais riqueza para o homem do campo, pequenos ou grandes produtores. É fato que existe a necessidade de reduzir a dependência do Brasil na importação de fertilizantes. E essa vitória será conquistada por meio do Plano Nacional de Fertilizantes, que, entre outras coisas traz um diagnóstico detalhado do setor e estabelece metas para aumento da produção nacional de fertilizantes”, disse.

Laércio observou que o foco é a produção de fertilizantes em território nacional, buscando reduzir escassez do produto devido a falhas das cadeias de suprimento e volatilidade de preços. “Fertilizantes no Brasil é questão de soberania nacional e segurança alimentar. É inadmissível o Brasil ter um setor agrícola tão grandioso e conviver com essa vulnerabilidade”, observou.

O senador afirmou que o estabelecimento de uma política pública para aumento da produção nacional de fertilizantes, baseada na oferta de gás natural, a preços competitivos praticados nos países exportadores desses fertilizantes, atrairá investimentos, na construção de novas plantas industriais, em projetos sustentáveis de mineração.
“O Profert será o propulsor para o consumo constante de gás, para aumento da produção nacional dessa matéria prima. Também irá gerar milhares de empregos no Brasil e incrementar os ganhos econômicos para o país. Contudo, o programa só irá adiante se houver vontade política e impulso para adotar as medidas necessárias para fazer essa economia girar”, disse.

Laércio observou que está tudo parado porque a Petrobras parece não enxergar que o preço do gás natural, por ela praticado, além da falta de interesse em promover o aumento expressivo da produção nacional para atender o mercado doméstico, mantém a dependência do combustível importado e por isso utiliza o preço do gás importado como referência para o mercado nacional.

“Essa atitude de uma empresa que se orgulha de ser brasileira, só prejudica os próprios brasileiros, nos transforma num país menor diante do mundo e subestima nossa capacidade de autossuficiência. É uma afronta aos próprios planos do governo para o desenvolvimento da indústria brasileira, principalmente da indústria química e de fertilizantes nitrogenados, que vêm, ano a ano, reduzindo suas participações no PIB brasileiro, com graves reflexos econômicos”, apontou.

O parlamentar lembrou que política de preços do gás natural da Petrobras está asfixiando diversos setores, desidratando o mercado consumidor nacional. “A indústria química, por exemplo, perdeu a produtividade em relação aos bens importados, por que reduziu em 17%, só no ano passado, o consumo de gás natural, insumo essencial para a fabricação seus produtos”, disse, acrescentando que o gás natural veicular, apesar de ser menos poluente que outros derivados do petróleo, também tem perdido competitividade, empurrando seus consumidores para os demais combustíveis concorrentes.

O senador retomou ainda sua preocupação com o menosprezo pela entrada em operação do gasoduto de escoamento do Projeto Sergipe Águas Profundas, de 2027 para 2029, impedindo o aumento da oferta de gás nacional e, consequentemente, a redução do seu preço, é uma demonstração clara dessa estratégia perversa com o País. “Há vários anos pôs em hibernação as três fábricas de fertilizantes que operava, depois, abandonou as obras da Unidade 3, em flagrante descaso com os recursos públicos”, criticou, observando ainda que tudo o leva a crer que esses movimentos são tentativas de lançar uma nuvem de fumaça, com o objetivo de desviar o foco das discussões sobre a questão dos fertilizantes e da competitividade da produção nacional.

Laércio relembrou ainda o discurso de posse do Presidente da República que disse que o Brasil precisa investir mais na produção de fertilizantes e que o presidente voltou a defender a produção doméstica também dia 27 de junho. “O que faço aqui e farei sempre, é cobrar a palavra empenhada pelo próprio governo”, disse.

Com o embaixador da Índia

Ainda sobre o tema petróleo e gás, o senador Laércio Oliveira esteve com o governador Fábio Mitidieri em reunião com o embaixador da Índia no Brasil, Shir Surech Reddy. Em pauta, o programa Sergipe Águas Profundas (SEAP) e temas relacionados. A reunião, marcada a convite da Embaixada da Índia, atende a uma solicitação do governador para tratar de assuntos de interesse do estado, como o desenvolvimento no ramo de fertilizantes. Tanto Brasil quanto Índia são grandes importadores desses produtos, o que torna o cenário favorável a parcerias.

A perspectiva é de que Sergipe colabore no processamento e refino do petróleo indiano e na implantação de uma unidade de fertilizantes nitrogenados, o que demanda grande consumo do gás natural presente em reservas sergipanas. Sergipe também possui vocação em agroindústria, com a presença do Complexo Industrial de Amônia/Ureia, o Complexo Industrial de Potássio e as grandes misturadoras.

Fonte, Agência Senado

 

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