Nesta terça-feira, 8 de agosto, é celebrado o Dia Nacional de Prevenção e Controle do Colesterol. No Brasil, quatro em cada 10 adultos têm o diagnóstico de colesterol alto e mais de ¼ das crianças brasileiras já apresentam níveis de colesterol elevado. Trata-se de um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento da Aterosclerose que aumenta significativamente o risco de Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e o Acidente Vascular Encefálico (Derrame), principais causas de morte em nosso meio e no mundo.

Com a crescente incidência de doenças cardiovasculares, é crucial conscientizar sobre a importância de manter níveis adequados de colesterol, adotar hábitos saudáveis e buscar medidas preventivas para garantir uma vida mais longa e cheia de bem-estar. De acordo com o médico cardiologista, professor da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e Chefe da Cardiologia do Hospital Universitário (HU), Dr Antônio Carlos Sobral Sousa, não há sintomas decorrentes do excesso de colesterol, que só pode ser detectado mediante exame laboratorial.

Dr Antônio Carlos Sobral Sousa: “É importante realizar uma avaliação clínica regular”

“Por isso, é importante realizar uma avaliação clínica regular. Níveis de colesterol acima de 200 mg/dL são considerados aumentados. Todavia, a sua importância e o rigor do tratamento vão depender das circunstâncias clínicas do paciente, cabendo ao médico esta determinação. Em crianças e adolescentes, valores meio ou iguais a 230 mg/dL devem ser avaliados para possibilidade de hipercolesterolemia familiar, condição genética, ainda sub diagnosticada, que cursa com colesterol alto e, consequentemente, promove o surgimento de complicações cardiovasculares já na segunda década de vida”, explica Dr Antônio Carlos Sobral Sousa.

A diferença entre LDL e HDL

O LDL e o HDL são lipoproteínas que transportam, sobretudo, o colesterol, substância que exerce funções essenciais no organismo, como a síntese de membranas celulares e a produção de hormônios esteroides e de sais biliares. Todavia, quando em excesso, o colesterol pode se depositar nas paredes de algumas artérias, levando à formação da placa de aterosclerose, o mais importante substrato das doenças cardiovasculares.

O LDL (conhecido como colesterol ruim) transporta o colesterol do fígado para a periferia, enquanto o HDL (colesterol bom) faz o “transporte revesso de colesterol”, ou seja, das placas para o fígado, onde uma parte vai ser armazenado, outra vai constituir novas lipoproteínas e outra vai entrar na composição dos sais biliares, uteis para a emulsificação das gorduras, no intestino.

Para aumentar o HDL, Dr Antônio Carlos Sobral Sousa recomenda a prática regular de exercícios físicos, que desempenham um papel importante na prevenção e controle do colesterol, e abolir o fumo, um dos principais causadores das doenças cardiovasculares. Para reduzir o LDL, por sua vez, é importante a diminuição da ingestão de alimentos ricos em colesterol e em gorduras saturadas.

É importante manter uma alimentação equilibrada

Cuidados com a alimentação

A adoção de medidas saudáveis é fundamental para controlar o colesterol e melhorar a saúde circulatória. É importante manter uma alimentação equilibrada, com baixo teor de gorduras saturadas. “É preciso ter muita atenção aos produtos industrializados confeccionados à base de margarina como nuggets, biscoitos recheados, sorvete cremosos, croissant. São alimentos ricos em gordura trans. A margarina não deve ser utilizada em pães ou preparações, podem ser usados creme vegetal ou queijos magros ou na versão light com redução de gordura”, alerta.

As frituras (Batata frita, pastel, salgadinhos) também são potencialmente perigosas. Mesmo utilizando óleo vegetal (canola ou soja) ou azeite, se um alimento for utilizado em elevadas temperaturas ele passa por reações químicas oferecendo perigo à saúde, se tornando um óleo saturado. O ideal é fazer preparações assadas, cozidas e ensopadas. Ainda contém grande quantidade de sódio. Alimentos fritos são ricos em ácidos graxos saturados.

“Atenção para as carnes gordas. Miúdos, bacon, costela, vísceras (fígado, coração), pernil, pele do frango, embutidos (salsichão, salsicha, mortadela, salame) são ricos em gorduras saturadas. Ao se preparar carnes, deve-se remover a gordura aparente e a pele (aves), pois a gordura penetra no interior da carne durante o preparo. Entre os tipos de preparação, deve-se dar preferência ao grelhado, bem passado, pois a carne mal passada com gordura apresenta as maiores taxas de gordura saturada. Dar preferência aos assados, cozidos, ensopados e grelhados”, orienta o médico.

Os queijos “amarelos” (prato, coalho, emental, brie, cheddar, mussarela, parmesão, minas padrão, entre outros), estão presentes em sanduiches e em inúmeras preparações. São alimentos ricos em gorduras saturadas. “A crença popular de que queijos de cor branca são adequados à saúde cardiovascular deve ser revista. Queijos minas padrão, requeijão e cream cheese têm alto teor de gordura saturada. Qualquer queijo cujo principal ingrediente seja o leite integral será fonte de gorduras saturadas. Podem ser substituídos por cottage, ricota, requeijão light, minas frescal light (cuidado com o tamanho da fatia), queijo prato light, mas sempre usando com moderação”, disse Dr Antônio Sousa.

Por fim o Leite integral, manteiga e creme de leite. Estes alimentos estão inseridos em muitas preparações: suflês, bolos, molhos cremosos, doces (tortas, pavês), sopas cremosas, empadões, quiches, saladas cremosas. São grandes fontes de gordura saturada e de calorias. Em substituição ao leite integral pode ser usado leite desnatado e em preparações que utilizem creme de leite pode ser usado requeijão light, creme de ricota, requeijão 0% de gordura ou iogurte.

São mais susceptíveis de apresentar IAM os portadores fatores de risco para aterosclerose, como o colesterol elevado

Ataque cardíaco

O Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), popularmente conhecido por ataque cardíaco, consiste na presença de lesão aguda do miocárdio (músculo do coração), caracterizada por elevação sanguínea de troponina cardíaca (marcador de necrose) e evidência clínica de isquemia miocárdica, manifestada, principalmente, por sintomas sugestivos e/ou por alterações típicas no eletrocardiograma.

“Uma das causas mais frequentes de IAM é a ruptura ou erosão de uma placa aterosclerótica localizada em uma das artérias coronárias (responsáveis pela irrigação do coração), levando à formação local de um trombo que pode obstruir totalmente ou parcialmente o vaso, comprometendo o fluxo sanguíneo. São mais susceptíveis de apresentar IAM os portadores fatores de risco para aterosclerose, sendo os principais: hipertensão arterial, diabetes, tabagismo, colesterol elevado, obesidade, sedentarismo, estresse emocional e hereditariedade”, conclui.

 

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