As tartarugas que ficavam na Reserva Ecológica foram transferidas para a capital

Desde que as tartarugas foram retiradas do Centro de Educação Ambiental da Reserva Biológica de Santa Isabel, em Pirambu, o turismo ecológico da cidade não é mais o mesmo. O número de visitações foi reduzido, interferindo diretamente na economia do município. Duas das quatro tartarugas foram transferidas para o Oceanário de Aracaju, as outras foram soltas no mar.

O motivo, de acordo com o responsável pela Unidade, Erick Allan Pinheiro, se deu pela falta de recursos que vinham da Fundação Pró-Tamar para realizar a manutenção do espaço. Erick explica que as visitações na Unidade devem ser vinculadas às atividades de educação ambiental, seguindo recomendações do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

O diretor de Sustentabilidade do Projeto Tamar, Augusto César Coelho, transferiu a culpa para a Prefeitura de Pirambu, alegando que quem deve procurar um novo espaço para abrigar as tartarugas nos tanques é o poder público municipal.

“A prefeitura quer que as tartarugas voltem para a reserva, mas eles não mandam na reserva. Tem que procurar o gestor da Unidade e ver se isso é factível. A prefeitura disse que ia fazer um projeto de reestruturação, mas isso não foi à frente. Como levar os animais para lá já que isso não vai à frente? Eu disse que quando estivesse tudo estabelecido, eles não se preocupassem, pois, as tartarugas voltariam. Elas não podem estar lá sem ter condições. Precisam de alimentação, tratamento, quem vai arcar com isso? Se a prefeitura comprar um terreno, montar tanques, contratar equipes, podem ter as tartarugas no local. Mas eles não têm dinheiro para isso”, afirma o diretor.

A reserva, que é administrada pelo ICMBio, está interditada há mais de três anos. A prefeitura não tem autonomia na Unidade, já que é do Governo Federal. De acordo com o prefeito de Pirambu, Elinho Martins (PSC), houve reuniões com representantes do Tamar e do ICMBio em Sergipe, a fim de instituir um convênio. Assim, um novo espaço seria disponibilizado para abrigar as espécies marinhas e fortalecer o turismo na região. Segundo informações do secretário de Turismo e Meio Ambiente de Pirambu, Kennedy Fonseca, o lugar cotado é o antigo Terminal Turístico da cidade.

Atualmente, na cidade, há apenas alguns núcleos do Projeto Tamar. Um deles é a fábrica de souvenir, que confecciona peças artesanais para a comercialização em todo o Brasil. A fábrica tem cerca de 15 a 20 empregados.

“Não existe um souvenir sequer do Tamar que faça uma ligação à cidade de Pirambu, fazem sempre alusão ao Oceanário de Aracaju, Praia do Forte, entre outras bases do projeto. Eles acabam esquecendo que é em Pirambu que ocorre a maior concentração de desovas da tartaruga-oliva no país. Recebíamos milhares de visitantes na cidade, hoje esse número está reduzido”, ressalta o prefeito.

Os comerciantes da região são os mais afetados. Com poucos visitantes, as vendas caíram bastante. O proprietário de um bar em frente à Reserva, Fábio Rodrigues, declara o que vem passando nos últimos anos.

“Está difícil manter meu estabelecimento. Depois que a Reserva fechou o movimento diminuiu. O turismo está abalado. Se as tartarugas voltarem para lá tenho certeza que vou conseguir mais clientes”, acredita.

 

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