Destino turístico em Poço Redondo, onde Lampião foi morto, ganha mais destaque após escolas de samba contarem a história do Rei do Cangaço
Com a vitória da Imperatriz Leopoldinense no Carnaval 2023 do Rio de Janeiro, a história de Virgulino Ferreira, o Lampião, ganhou ainda mais visibilidade no Brasil. Ela também foi evidenciada pela Mancha Verde, em São Paulo, que, apesar de não ter ganhado o título, fez alusão ao Rei do Cangaço e ainda homenageou a sergipana Expedita Ferreira, de 90 anos, única filha do cangaceiro com Maria Bonita e que foi destaque no desfile da escola paulista.
Ao trazer à tona essa marcante história do Nordeste, as escolas de samba chamaram a atenção para um dos destinos turísticos mais procurados de Sergipe: a Grota do Angico, local onde Lampião e Maria Bonita foram mortos ao lado de outros nove cangaceiros. Ressalte-se, aliás, que há diversas peculiaridades e até curiosidades sobre essa narrativa turística. Confira curiosidades do local:
Origem do local
Muito procurada por turistas e antropólogos, a Grota do Angico está localizada em Poço Redondo, município do Alto Sertão sergipano, a cerca de 200 quilômetros de Aracaju, capital do estado. Mas você sabia que, antes de pertencer a Poço Redondo, Angico integrava o território de outra cidade? Explica-se: inicialmente denominado Curralinho, o então povoado fazia parte de Porto da Folha. Depois de um tempo, passou a ser chamado Poço Redondo. Com a emancipação política, em 1956, foi elevado a município, desmembrando-se do território de Porto da Folha e “levando” Angico consigo.
Há três trilhas de acesso ao local onde Lampião e Maria Bonita foram mortos. Uma que sai da sede do Monumento Natural Grota do Angico em Poço Redondo, mantido pelo Governo de Sergipe; outra que sai do Cangaço Eco Parque, também em Poço Redondo; e a terceira que sai do Restaurante Ecológico Angico em Canindé do São Francisco.
Optando pela primeira alternativa, ao chegar a Poço Redondo, basta seguir as placas por mais 15 quilômetros até o Centro de Convivência do Monumento Natural da Grota do Angico, o Mona. O visitante fará, então, uma trilha de mais ou menos 1 quilômetro até o local da morte de Lampião. Ali, há uma pedra com uma cruz e uma placa com informações sobre esse fato.
Caatinga preservada
Vale ressaltar que o Centro de Convivência possui toda a infraestrutura para que o turista se prepare para percorrer a trilha. Importante: o visitante deve estar acompanhado por um guia de turismo especializado ou agente florestal que, ao longo do percurso, vai mostrando as belezas naturais do lugar, como os tipos principais de cactos, bromélias e árvores nativas da caatinga. Destaque-se que o Centro de Convivência possui um mirante de onde se pode ver o Rio São Francisco e a magnitude da região de caatinga a perder de vista.
Aliás, por ser uma unidade de conservação e proteção integral, o Mona Grota do Angico foi criado com dois apelos: um ambiental, que é preservar a caatinga, e outro referente ao patrimônio cultural, já que a área onde Lampião morreu é uma reverência ao cangaço, além de ser sítio arqueológico reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Cultura e economia
Percebe-se, então, que, além da preservação ambiental, há todo o contexto sociocultural da região, protegendo o sítio histórico da Grota do Angico. Inclusive, todos os anos, em julho, pesquisadores e turistas viajam até o local para celebrar uma missa em homenagem ao Rei do Cangaço, a Maria Bonita e ao bando que o seguia. A celebração é intensa e cheia de ritos.
Também é importante salientar que, como fomento à memória e à cultura sertanejas, uma casa de taipa da época em que Lampião e o bando dele frequentavam a antiga sede da Fazenda Angicos foi mantida, apesar da reforma para se preservar a estrutura. E, além de ser uma região de desenvolvimento de pesquisa científica, educação ambiental, ecoturismo, cultura e visitação pública, a Grota do Angico está associada ao desenvolvimento de assentamentos e ramos econômicos que envolvem a caatinga, a exemplo do mel de abelha, dos doces caseiros e dos produtos derivados do leite.
Hospedagem em Canindé
Muito próximo da Grota do Angico está a bela cidade sergipana de Canindé do São Francisco – outro destino turístico de encher os olhos e de tirar o fôlego com o Cânion de Xingó –, onde há algumas opções para se hospedar ou realizar refeições. São pousadas, resorts e restaurantes, boas instalações e hospedagens numa região que, cada vez mais, tem atraído os olhares da infraestrutura hoteleira.
A razão para isso estar ocorrendo é uma mescla que deu muito certo: a união da diversidade do bioma de caatinga com um refrescante banho no caudaloso Rio São Francisco e a oportunidade de conhecer a história in loco ser uma aventura que tem atraído mais e mais turistas, ávidos por trilharem os caminhos do cangaço no Sertão de Sergipe.
Assim, o Monumento Natural de Angico é o ponto de partida para essa ecoaventura entre Canindé do São Francisco e Poço Redondo. Nele, o visitante encontra mais de 2.400 hectares de bioma protegido, com boa infraestrutura turística, em meio a cactáceos, pequenos arbustos, flor de mandacaru, répteis e muita história para contar. Sim, vale muito a pena conhecer. Então, sinta de perto.
FONTE: AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DO GOVERNO DE SERGIPE