*Por Evelyn Mateus

A gravidez é um período especial na vida de muitas mulheres. Gerar uma vida e a carregar dentro de si promove diversas transformações físicas e emocionais que acontecem desde a fase inicial até o momento do parto. Dentre as principais recomendações para manter uma gravidez saudável, destacam-se o ganho de peso adequado, o consumo de alimentos variados, incluindo frutas, legumes, verduras e cereais integrais, a suplementação de algumas vitaminas e minerais, a exclusão de álcool, cigarros e outras substancias prejudiciais ao feto e a prática de atividades físicas leves se não houver nenhuma restrição médica.

A atuação dos hormônios (principalmente estrogênio, progesterona, hCG e o hPL) é intensificada, tanto na gravidez, como no parto e na lactação. Sendo assim, uma boa alimentação garante os substratos necessários para a produção hormonal exigida durante esse período. Por isso é de suma importância que a mulher esteja sempre em seu estado nutricional adequado.

Porém, como nem tudo são flores, as inúmeras alterações hormonais e o gradativo crescimento do bebê podem ocasionar alguns sintomas desagradáveis. A boa notícia é que alguns desses sintomas podem ser amenizados com simples mudanças no estilo de vida, veja como:

► Enjoo

Esse sintoma é o mais comum nos primeiros 3 meses de gestação. Acontece geralmente pela manhã, podendo progredir ao vômito e ocasionando a diminuição da ingesta alimentar nesse período do dia. Evitar grandes quantidades de líquidos pela manhã e junto às refeições; evitar alimentos fritos ou muito gordurosos; evitar temperos de gosto e cheiro marcante; evitar se deitar após uma refeição; ingerir pequenas porções de alimentos fracionadas ao longo do dia e inserir gengibre nos hábitos alimentares, são práticas que podem amenizar este desconforto.

► Pirose (Azia)

Com o aumento da progesterona, o músculo responsável por não permitir que o bolo alimentar retorne à boca, perde seu tônus, ocasionando assim, a azia, o refluxo gastroesofágico e até a hérnia de hiato, em alguns casos. No fim da gravidez, devido a maior pressão física do útero sobre o estômago e o esôfago, a pirose costuma ressurgir. É importante fracionar a dieta em pelo menos 6 vezes ao dia, mastigando bem e devagar os alimentos; consumir líquidos apenas nos intervalos das refeições; não ingerir leite puro para amenizar o sintoma, pois quanto mais alcalino for o pH do alimento, maior será a produção de ácido pelo estômago (o famoso efeito rebote) e evitar alimentos irritantes da mucosa gástrica e esofágica como frituras, apimentados, doces, alimentos muito quentes, etc.

O consumo de frutas cítricas está liberado, uma vez que a acidez do conteúdo gástrico é maior que o das frutas.

► Constipação intestinal

A obstipação nessa fase, normalmente ocorre por conta da redução dos exercícios físicos, pela suplementação de ferro e, em idade gestacional mais avançada, pela pressão que o útero faz contra o intestino. As recomendações nutricionais são: consumo de frutas laxativas, como mamão e ameixa; frutas com bagaço; vegetais folhosos crus; ingestão adequada de água; consumo de alimentos integrais, como aveia, farelo de trigo ou farinha de linhaça dourada (ingerir 1 colher de sopa com água); mastigação correta, devagar e repetidamente e continuar praticando atividades físicas se não houver contraindicação clínica.

► Fraqueza

Principalmente no primeiro trimestre, quando há um grande déficit calórico causado pelos enjoos e falta de apetite, é comum algumas mulheres apresentarem esse sintoma, associado à sensação de desmaio. Nesse caso é importante fracionar a bem a alimentação, evitando grandes volumes e longos intervalos entre uma refeição e outra; e dar preferência a alimentos salgados para regular a pressão arterial (que normalmente apresenta-se baixa).

*Evelyn Mateus – Nutricionista formada pela Universidade Federal de Sergipe
(UFS), Pós-Graduada em Nutrição Clínica e Esportiva pela FATELOS