Cidades como Umbaúba e Malhador
não possuem sequer saneamento básico

A esquistossomose, popularmente conhecida como barriga d’água, é um grave problema de saúde pública que vem proliferando em níveis assustadores junto à população sergipana, especialmente no interior do estado. A doença, que é histórica, está se agravando em regiões de Sergipe que não possuem saneamento básico. As cidades de Malhador e Umbaúba estão nessa lista.

Em Umbaúba, região do extremo sul do estado, o número de pessoas infectadas é grande com a esquistossomose é grande. Só este ano foram 130 pessoas acometidas pela doença.

A reportagem do CINFORM entrou em contato com a coordenadora de Atenção Básica de Umbaúba, Lúcia Mirelle Oliveira, que informou serem os casos de esquistossomoses acompanhados apenas pela Atenção Primária.

“O acompanhamento e tratamento inicial é feito pela equipe de Saúde da Família com a realização de exames. Na necessidade de casos mais graves, os pacientes são encaminhados para o Hospital Universitário, localizado na capital. Mas nunca houve caso com complicação. Nos casos em que a pessoa é diagnosticada com a doença, ela toma a medicação na presença do médico. Caso haja algum efeito adverso, é encaminhado ao hospital local”, informa.

A coordenadora relata que não há saneamento básico na região. Na cidade há muitos tanques de água e açudes, o que acarreta na proliferação da doença. Segundo ela, estão sendo distribuídos frascos de hipoclorito de sódio para o tratamento da água. Além disso, estão sendo realizadas ações educativas nas escolas através do programa Saúde na Escola.

MALHADOR TAMBÉM PREOCUPA

Na cidade de Malhador, agreste de Sergipe, o secretário de Saúde, Gilson Cardoso, não informou números recentes de pessoas infectadas na região. Segundo ele, como está sendo feita uma campanha para combater a doença na cidade, não há um quantitativo atual. Cardoso repassou apenas números do ano passado. Foram realizados 300 exames, 37 deles deram positivo e 29 foram tratadas pela saúde municipal.

Os Assentamentos Marcelo Déda e Dandara  e o povoado Tabula, são regiões de Malhador que mais apresentam casos da esquistossomose. Segundo Cardoso, estão sendo planejadas ações educativas para o combate da epidemia.

“Estamos planejando ações para o combate da doença. A partir da coleta de fezes a equipe analisa se a pessoa está infectada ou não. Caso dê positivo, eles encaminham para a equipe médica do município. O tratamento da doença é realizado no hospital da cidade, com o medicamento praziquantel”, declara.

Ao ser questionado sobre o que está havendo na cidade para a doença se alastrar, o secretário informou que não há saneamento básico.

O CINFORM entrou em contato com o Movimento Sem Terra (MST) para mais informações sobre a proliferação da doença em Malhador. O coordenador estadual do movimento, Gileno Damascena, informa que a esquistossomose é um problema histórico nos povoados. Inclusive ele e seus familiares já foram infectados pela doença. O caso mais recente foi o do seu filho, que enfrentou o problema e teve que ser assistido em Aracaju.

“Meu filho passou pelo problema e não recebeu nenhuma assistência da saúde municipal. Minha esposa e eu tivemos que levá-lo até a capital, pois não recebeu tratamento em Malhador. O medicamento praziquantel foi entregue em um posto de saúde localizado no bairro Grageru”, esclarece.

Damascena informa também que vem tentando manter o diálogo com o poder público. “Já participamos de audiências públicas na cidade e dentro da pauta estava a questão do saneamento básico em Malhador. São 700 famílias que fazem parte desses povoados, por isso estamos cobrando de todos. Já mantemos o diálogo com a prefeita e com os vereadores”, pontua.

CASOS DA DOENÇA NO ESTADO

Sidney Sá. Gerente de Endemias 

Segundo informações da gerente de endemias da Secretaria do Estado da Saúde (SES), Sidney Sá, de janeiro até hoje foram coletadas mais de 24 mil amostras de exames para detectar a doença em todo o estado. destas, 348 deram positivo. Ainda segundo ela, é de responsabilidade de cada município fazer o controle da doença.

“A área da saúde é municipalizada, toda a parte de endemias e de atenção básica é de responsabilidade dos municípios. Eles que executam suas tarefas, têm total autonomia e governabilidade para isso. Nos casos de esquistossomose, o estado repassa para cada cidade o medicamento, que é o praziquantel, de acordo com o número de notificações de cada local”, relata.

O PARASITA

A esquistossomose nada mais é do que uma doença crônica parasitária causada pelo parasita denominado Schistossoma mansoni, um platelminto. O que vem preocupando os profissionais de saúde é que a doença tem um ciclo. De acordo com a infectologista Gilmara Carvalho Batista, a contaminação está relacionada ao contato com a água doce.

“A contaminação se dá pela água doce parada. O caramujo, que é agente, faz parte deste ciclo. Quando o homem entra em contato com essa água, passa pela pele, causando a dermatite no lugar onde penetra. O paciente vai desenvolver inicialmente um quadro de febre e náuseas. O diagnóstico é realizado através de exames de fezes ou da biópsia do trato digestivo, também chamada de biópsia retal”, informa.

Ainda segundo a infectologista, a doença é silenciosa e pode ficar no trato digestivo por anos. “O germe, depois que entra na pele, fica alojado no trato digestivo e mora ali por um tempo, por isso é uma doença crônica. Inicialmente a doença pode ser assintomática, mas depois ela pode permanecer lá por anos”, acrescenta.

O tratamento da doença é realizado em dose única através do medicamento praziquantel, antiparasitário de amplo espectro contra numerosas espécies de cestódeos e trematódeos. A medicação é disponibilizada na rede pública.

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