Dia desses um dos mestres que mais admiro postou uma foto e uma legenda que basicamente resumo aqui: “nestas 3 malas estão todos os bens que possuo”. E assim partiu digitalizando e pondo em nuvem o que mais precisava.
Quem o conhece sabe “o quanto” ele possui. É que o valor das pessoas não deveria estar associado à matéria, seja aparência ou patrimônio. Esta é a mais pura ilusão de ótica. Quem já o assistiu dando aula sabe ao que me refiro. Inspirar, inteligir, mas sentir igualmente, é para poucos, poucos mesmo. E naquela postagem meu olho brilhou, minha admiração por ele cresceu.
Bendito é o ser que vem trabalhando arduamente em transformar a si próprio para servir melhor. Afinal, “quem não dá do que TEM, não dá nem do que É”, me afirmava uma mentora do coração. O conceito de doar é primário numa sociedade narcisista e viciada em atender ao próprio ego. Quem quiser adoradores que funde uma igreja/templo.
Meu professor poderia estampar paredes com suas inúmeras qualificações, certificados e consultorias prestadas. Mas o destaque que ele tem é por ser humano essencialmente. Lidar com inúmeros alunos, com buscas e burilamentos tão distintos, preparar pessoas, é uma arte. Apenas a técnica não entregaria tamanho resultado que é visível entre tantos alunos.
E quando vi aquelas malas postadas na foto, na busca por ser essência, percebi que nelas não caberiam todos os afetos que este líder coleciona. Ser admirado de verdade, por centenas de acadêmicos e docentes bem críticos e que não aturam bajulações, não teria espaço em mala alguma. A gente só leva desta vida os sentimentos que emitimos e recebemos. Tenho certeza que é este o combustível que o move.
Foquemos em SER e não, no TER.
“Buscai primeiramente o Reino do Céu e sua Justiça (do serviço desinteressado, do prazer genuíno em ser útil pra alguém) e todas as coisas lhe serão acrescentadas”, afirmava Jesus. A intenção de tudo que fazemos é o nosso guia. É a boa vontade, o desejo de somar, a satisfação de contribuir e o entendimento que no plano coletivo há muito a se fazer. Porque fora dessa perspectiva o que se encontra é competitividade desmedida, falta de respeito consigo e o próximo, desespero, vitimização e processos destrutivos. Quando se foca em expandir o que se tem de bom a oferecer, a vida flui, floresce.
Na Psicologia Positiva (PP), o conceito de florescimento está intimamente ligado aos estados de felicidade e bem-estar. Martin Seligman, psicólogo considerado o pai da PP, relata que há uma ‘crença’ de que existem maneiras rápidas de alcançar felicidade, alegria, entusiasmo, conforto e encantamento. As drogas e excessos de vários tipos falam por si só neste quesito de fuga imediatista. Depois cada um que lute com sua própria ressaca física e moral. Em meio a uma aula que assistia, Seligman pontuou: “esses sentimentos só são adquiridos através do exercício de forças e virtudes pessoais. Do contrário, o que vemos são legiões de pessoas que, em meio a grande riqueza, definham espiritualmente. Emoção positiva desligada do exercício do caráter leva ao vazio, à inverdade, à depressão e, à medida que envelhecemos, à corrosão de toda realização que buscamos até o último dia de vida.”
E se o entendimento de que “todo excesso esconde uma falta” inicia-se, há de existir um processo por cura e libertação. Por isso desejo vida longa aos meus mentores viajantes de mentes e autodescobertas. Através das experiências destes líderes, me dou conta do quanto sou aluna e de quais formas posso SER uma versão mais aprimorada do que fui ontem. Acordemos: estamos, em sua maioria, internados no planeta Terra, com corpos e espíritos em assistência técnica, no local e tempo ideais para as condições de vida que nos convidam a evoluir como espécie.