Há um pensamento que diz “você é tão jovem quanto seus sonhos ou tão velho quanto seus medos”. De fato, enquanto o sonho lhe remete ao infinito e além o medo paralisa, corrói, destrói. O sonho é varanda, o medo é porão. O sonho é luz, o medo a escuridão. O sonho é construtivo enquanto o medo tem um grande poder de destruição.

No dia 28 de agosto de 1963 o pastor batista e ativista Martin Luther King Jr. nos degraus do Lincoln Memorial em Washington, pronunciou para um público de 250.000 pessoas aquele que é considerado um dos maiores discursos da história estadunidense “I HAVE A DREAM”. Sim, ele tinha um sonho e para contrariar os fanáticos hoje tão em voga, que o assassinaram cinco anos depois na tentativa de apagar o seu sonho, vamos ouvi-lo dizer bem alto no memorial da nossa própria memória: “ eu tenho um sonho que um dia um estado desértico sufocado pelo calor da injustiça … será transformado num oásis de justiça” pois ele acreditava que “a injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em todo lugar e que qualquer ação que afeta um diretamente afeta todos indiretamente”. O sonho de justiça social é um sonho que não pode morrer e ele precisa de todos nós para tecer esse sonho como no poema de João Cabral de Melo Neto: “um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos. De um que apanhe esse grito e o lance a outro e a outros…para que a manhã se vá tecendo entre todos os galos”.

A pandemia que assola o mudo mostrou que o rei está nu em muitos lugares do nosso planeta e em nosso país em particular. Quando o vírus que nos assombra começou a circular entre nós, numa ação considerada ousada, declarava-se que o governo estava deslanchando uma ação que assistiria trinta milhões de pobres que dependeriam dessa ajuda para se alimentar e consequentemente sobreviver. Tínhamos então cerca de 13% de miseráveis para usar a designação do ativista de direitos humanos Victor Hugo, na França do século XIX. Esse número foi aumentando para 60 milhões e na última propaganda veiculada pela Caixa Econômica Federal fala-se em 120 milhões de assistidos. Se excluirmos os pequenos empresários seja de que tipo for e nos fixarmos na casa dos sessenta milhões significa que somos 30% de miseráveis? “Que país é esse,” que joga pra debaixo do tapete social um terço da sua população? O Dr. King,

como chamam carinhosamente os seus admiradores norte-americanos, afirmou naqueles idos de 1963: “ Seria fatal para a nação não levar a sério a urgência desse momento”, E não é apenas aqui que o rei está nu. Naquele país considerado a maior economia do mundo não para de crescer o número de miseráveis aparecendo agora numa dança macabra, num jogo de luz e sombra que os mantiveram invisíveis por tanto tempo lá como aqui. Contraditoriamente a morte os trouxe à tona. Só as estatísticas salvam. E agora? Fingiremos que são apenas números? Não lhes daremos rostos, nomes, famílias? Serão somente medo?

I HAVE A DREAM. Sim, eu tenho um sonho. Um sonho no qual todos os homens possam viver a condição de ser um cidadão, e que a nenhum dos filhos dessa pátria que nem sempre tem sido mãe gentil seja negado o direito à vida digna o que significa direito à moradia, à saúde e à educação, alimentando-se na medida das suas necessidades, protegidos por um estado que funcione como equalizador das extremas desigualdades. E que o medo, alimentado nos subterrâneos da indignidade, seja varrido com a vacina do sonho como queremos varrer das nossas vidas esse vírus que continua nos assombrando.

O romance de Victor Hugo publicado em 1862 é atual. O discurso de Luther King pronunciado há 57 anos é atual. É muito urgente então que atualizemos os nossos sonhos, que possamos contaminar outros e outros e outros para juntos tecermos um amanhã.

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