Por Camila Turtelli e Anne Warth
Um dia após o PSL rachar e parte da bancada aderir à candidatura de Arthur Lira (Progressistas-AL) na eleição para o comando da Câmara, o presidente da sigla, deputado Luciano Bivar (PE), anunciou uma reunião no próximo dia 12 para discutir o processo de expulsão dos dissidentes. Oficialmente, o partido apoia Baleia Rossi (MDB-SP) na disputa.
Estão na mira os 20 parlamentares que assinaram a lista de apoio ao líder do Centrão, entre eles Eduardo Bolsonaro (SP), filho do presidente Jair Bolsonaro. Lira tem o apoio do Planalto.
Partido que deu abrigo a Bolsonaro nas eleições de 2018, o PSL enfrenta uma sucessão de brigas internas desde que o presidente se desfiliou, há pouco mais de um ano. Por causa da disputa entre Bolsonaro e Bivar, 17 dos parlamentares que agora podem ser expulsos já estavam suspensos. Além de Eduardo, a lista inclui Major Vitor Hugo (GO), Bia Kicis (DF) e Carla Zambelli (SP).
O grupo já havia sido notificado por ter apoiado candidatos adversários nas eleições municipais. A adesão à campanha de Lira, na avaliação da cúpula do partido, foi a “gota d’água”.
O novo embate ocorreu após Vitor Hugo, ex-líder do governo na Câmara, divulgar nesta quinta-feira, 7, uma lista assinada por 32 dos 52 deputados do PSL em favor de Lira. O deputado disse que os parlamentares não aceitam participar do bloco de Baleia, que inclui partidos de esquerda. “Era um absurdo que o PSL traísse seus eleitores e se ligasse a um bloco que congrega partidos como PT, PCdoB, PSB, PDT e outros que defendem tudo contra o qual lutamos”, afirmou.
Há divergências, no entanto, sobre a validade da assinatura dos parlamentares suspensos. Uma decisão da Mesa Diretora da Câmara do ano passado deixa claro que eles não podem representar o PSL. Já um parecer do procurador da Câmara, deputado Luís Tibé (Avante-MG), apoiador de Lira, afirma que as assinaturas são válidas. Vitor Hugo pediu a convocação de uma reunião da Mesa Diretora para decidir o imbróglio.
A definição de qual lado o PSL ficará é importante porque a formação dos blocos serve como parâmetro para a distribuição dos cargos na Mesa Diretora da Câmara – composta, além da presidência, pela primeira e segunda- vice-presidências, quatro secretarias e quatro suplências.
Essas funções são distribuídas aos partidos seguindo a representação proporcional, que leva em conta o tamanho de cada bloco formado no dia da eleição e o número de deputados eleitos de cada partido, além de acordos firmados pelas siglas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.