Viver com Aids nos tempos atuais já não é tão difícil quanto há 30 anos, quando o HIV deu início a uma epidemia que se alastraria mundo afora. Fazer o teste e começar cedo o tratamento faz a diferença na vida de quem tem o vírus, segundo assegura o gerente do Programa IST/Aids da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Almir Santana, salientando que a infecção é transmitida através das relações sexuais, no compartilhamento de seringas, em acidentes com agulhas e objetos cortantes infectados, na transfusão de sangue contaminado, na transmissão vertical da mãe infectada para o feto durante a gestação ou o trabalho de parto e durante a amamentação.

No Estado de Sergipe, 6.433 pessoas têm a Aids, de acordo com os dados do programa. Mas isso não as incapacita ou impõem-lhes uma existência de sofrimento. A evolução da ciência, da medicina e da tecnologia lhes garante melhor qualidade de vida, mas para isso é preciso adotar os cuidados recomendados. “Quem faz o teste cedo e logo inicia e faz adesão ao tratamento tem uma qualidade de vida boa. Lógico que a pessoa precisa fazer o acompanhamento da carga viral (quantidade de vírus no sangue) e da imunidade (CD4), mas fora isso, tem uma vida normal”, reforçou Almir Santana.

O gerente do programa salienta que antigamente só tinha acesso ao tratamento quem tinha os sintomas. Atualmente está disponível para qualquer pessoa que testou positivo para o HIV.  Os testes rápidos são feitos nas unidades de saúde da Atenção Primária, como informa Almir Santana, enfatizando que as pessoas reagentes ao vírus são encaminhadas para o serviço de referência ofertado no Centro de Especialidades Médicas (Cemar) do Siqueira Campos, em caráter ambulatorial. Para os casos de emergência há o Hospital de Urgências de Sergipe Governador João Alves Filho e Hospital Universitário (que também oferece o serviço ambulatorial).

De acordo com Almir Santana, o tratamento é feito à base de medicamentos antirretrovirais, que diminuem a reprodução do vírus, melhorando a imunidade. Como resposta a essa condição orgânica, o paciente se fortalece contra as infecções oportunistas como a tuberculose, pneumonia, lesão da boca e câncer de pele. “Ele vai tocando a vida, trabalhando, se alimentando, praticando exercícios e mantendo o hábito de usar o preservativo nas relações sexuais”, disse o médico, lembrando que hoje existe a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), destinada a pessoas que têm um parceiro HIV que não está usando camisinha.

Embora os avanços no enfrentamento ao HIV possa proporcionar uma vida boa para quem tem o vírus, há quem abandone o tratamento no meio do caminho, por razões diversas e até mesmo por uma decisão pessoal conforme disse o gerente. “Quem tem o diagnóstico de HIV, começa o tratamento e para, precisamos alertar que ele ou ela poderá ir a óbito”, disse.

Indetectável

Com o tratamento feito corretamente, quem tem o HIV pode se tornar uma pessoa indetectável, ou seja, os antirretrovirais são tão eficazes que podem derrubar a carga viral lá pra baixo, tornando-se indetectável no aparelho que a mede. E o melhor, como salienta Almir Santana, é que se essa pessoa tiver relações sexuais sem camisinha dificilmente infectará o parceiro.

Indetectável é o tema de uma exposição composta de fotos e depoimentos que será apresentada aos trabalhadores da Secretaria de Estado da Saúde nesta terça-feira, 1º. “Nós ganhamos a exposição do Ministério da Saúde e pretendemos que seja itinerante para levarmos as informações e experiências de vida ao maior número de pessoas. Queremos mostrar que quem está em tratamento certo a carga viral cai tanto que não é detectada. O que é uma vitória”, considerou.

Almir Santana informou ainda que nesta terça-feira, 1º, acontecerá também a exibição do filme sobre a história da Aids no estacionamento do Museu da Gente Sergipana. O filme terá uma hora e meia de exibição e contará com depoimentos de pessoas com a Aids. As programações desta terça-feira fazem parte do Dezembro Vermelho, campanha de conscientização para o tratamento precoce da Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis. O mês de dezembro foi escolhido pelo Ministério da Saúde em razão do Dia Mundial de Combate à Aids, que acontece dia 1º.

Casos em Sergipe

Desde o primeiro caso de Aids notificado em Sergipe em 1987 até 31 de outubro de 2020, foram registrados 5.399 casos de Aids em adultos, sendo 3.690 do sexo masculino e 1.709 do sexo feminino. Foram notificados também, até 31 de outubro, 2.869 adultos com o HIV sendo 1.924 do sexo masculino e 945 do sexo feminino.

Ainda no mesmo período, foram registrados 127 casos de Aids em menores de 13 anos, sendo 52 do sexo masculino e 75 do sexo feminino. Também foram notificadas 98 crianças menores de 5 anos no período de 1987 até 31 de outubro de 2020, sendo 41 do sexo masculino e 57 do sexo feminino.

De 1987 a 2020, foram identificados 1.549 óbitos que tiveram a causa básica definida como “doenças pelo vírus do HIV” , em adultos e 20 óbitos em crianças.

Considerando as pessoas vivendo com HIV/Aids, temos cadastrados em Tratamento Antirretroviral, no Cemar (SAE – Serviço Ambulatorial Especializado) 6.185 pessoas e no Hospital Universitário de Aracaju (HU) tivemos 248 pessoas cadastradas.

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