Elis Radmann
…que de repente, de uma hora para outra, tudo pode mudar. E passamos a viver em estado de guerra, com um inimigo invisível.
De repente o dinheiro não tem tanto valor, e não há como comprar álcool gel, vacina ou vaga na UTI. E quando menos esperávamos, tudo que era certo virou incerto. Nossa rotina mudou, as regras mudam e a cada dia ganhamos novas leis.
De repente não temos mais o direito de ir e vir. Não podemos mais circular de uma cidade para outra ou até mesmo sair de casa. E passamos a ter medo do que não conhecemos.
De repente temos que nos preocupar com o hoje, com a necessidade de ir ao supermercado ou a farmácia. E passamos a manter o distanciamento social, a nos isolar. Não podendo nem fazer o churrasquinho com a família.
De repente vemos gente egoísta comprando o que não precisa, mas também vemos muita gente solidária, ajudando quem precisa. E as manifestações físicas ocorrem pelas janelas, enquanto as fake news continuam a nos perseguir nas redes sociais.
De repente paramos de trabalhar e nos preocupamos com as contas que irão chegar e com o aluguel que vencerá. E passamos a ver novas regras de renegociação, de isenção e de anistia de juros e multas.
De repente vemos que não é fácil ser médico ou enfermeiro e que esses profissionais se tornam soldados dessa guerra invisível. E junto com eles estão profissionais que atuam no transporte de cargas, nos postos de combustíveis, nos mercados, farmácias e na segurança pública.
E de repente vemos muitas pessoas incrédulas, não acreditando que tudo isso é real, ampliando a margem de risco de outras pessoas e contaminado os mais frágeis e vulneráveis.
De repente vemos doentes entrando em hospitais sem seus familiares e acompanhantes e perdemos o direito de velar e enterrar os entes-queridos.
E no meio de tudo isso, vemos gente mostrando a sua intolerância política, buscando culpar o adversário ou uma nação inteira, como se uma ideologia ou partido político fosse o responsável.
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