O que são, quais as principais, como preveni-las e tratá-las
No verão, aumenta o risco dos casos de determinadas doenças. É importante começar por definir quais e o que elas são: doenças sazonais, como um todo, são aquelas comuns à determinada estação, não significando dizer que são por isso exclusivas.
Manifestando-se de forma acentuada em determinado tipo de clima ou ocasião, as doenças sazonais estão ligadas a uma série de outros fatores, comuns ao ambiente – como é o caso, no calor do verão, do aumento de algumas espécies de insetos (‘artrópodes’) e outros animais.
De acordo com a gerente do Núcleo de Endemias da Vigilância Epidemiológica do Estado, Sidney Lourdes Cesar Souza Sá, no verão é mais comum a ocorrência das arboviroses, como por exemplo a Dengue, Chikungunya e Zika, que é associado ao mau desenvolvimento encefálico na gestação do ser humano. Todas transmitidas pelo Aedes Aegypt.
O mosquito se encontra distribuído em todo território, cuja frequência maior de escolha para viver no meio ambiente são locais onde tenha abrigo, água para colocar seus ovos, e o ser humano, pois precisa do seu sangue para sobreviver.
A transmissão se dá através da picada desse que é o vetor do vírus (o Aedes). O sangue humano o alimenta para amadurecer seus ovos, dando vida a novos mosquitos. No organismo do vetor alberga o vírus da doença, por esse motivo ele é o maior causador das arboviroses que hoje temos no Estado de Sergipe.
Retorno às cidades
A modificação do ambiente, em parte pelas ações direta e indireta do homem, como o crescimento urbano desordenado, queimadas e a criação em larga escala de bovinos (sim!), repercutem na emergência e disseminação de doenças infecciosas e, em alguns dos desafios para a Saúde Pública do país. O calor tende a contribuir para a redução do tempo de desenvolvimento das larvas dos mosquitos, vetores de doenças, e assim, há o crescimento da população de insetos adultos.
Sempre de olho
A Vigilância Epidemiológica de Aracaju trabalha com as chamadas doenças de notificação compulsória, regida pela portaria de número 204, de 17 de fevereiro de 2016 e que deriva de uma série de leis, artigos e decretos.
Assim, há uma listagem nacional de doenças em que se exige dos agentes de saúde, públicos e privados, sua comunicação às autoridades de Saúde Pública. Os dados daí gerados, permitem o monitoramento e a antevisão de possíveis surtos. Quanto à Dengue, Zika vírus e Chigungunya, Tânia Santos, coordenadora do órgão, tranquiliza:
“Em Aracaju estamos com o controle do vetor (dessas doenças). Conseguimos índices de infecção abaixo de 0.1%. Mas precisamos sempre estar em alerta, falando da doença da Dengue, o que ela é e seus sintomas. Você começa com febre alta, dor no corpo, manchas vermelhas no corpo, tem dor nos olhos e cefaléia intensa (dor de cabeça). É preciso procurar o serviço médico. Uma unidade de saúde mais próxima da sua casa.”
A coordenadora alerta que outra doença de notificação compulsória importante no verão, por causa do período de chuva, é a leptospirose. “Após as enchentes é preciso ter o cuidado de utilizar botas. Leptospirose tem um quadro bastante parecido com outras infecções: febre, sensação de mal-estar, dor de cabeça, dores musculares. Há tosse e pode haver calafrios, vômito e dores abdominais. Uma característica sua é a dor na panturrilha. Na batata da perna.”
Ao se expor à água de chuva, a coordenadora explica que também é necessário procurar os serviços médicos. Para além dessa doença, a diarréia ocasionada de uma alimentação na praia sem o devido controle, e viroses, que são doenças inespecíficas, por estar circulando um novo tipo de vírus, são quadros mais comuns.
Há ainda, com o turismo, a circulação de vários vírus que podem aparecer, e doenças infecciosas tendem a aumentar. Quanto a doenças de pele, como as dermatites e micoses em praias e piscinas, é preciso atentar-se para o uso do protetor solar e higiene adequada. Compartilhar piscinas em clubes e no condomínio? O ideal é que haja exames periódicos de liberação do uso.
Um aviso importante: a automedicação de inflamatórios, justamente com seu uso indiscriminado é bastante perigosa para a saúde. Esse tipo de medicamento precisa de avaliação e de prescrição para não causar danos sérios. Segundo o professor Drauzio Varella, em publicações no seu blog pessoal, hemorragias, lesão aguda da mucosa gástrica e úlceras podem se tornar consequências desse tipo de uso.
Estatísticas
Doenças diarreicas, leptospirose, dengue, Chikungunya, Zika e outras. No caso do mosquito que é o maior transmissor das arboviroses, é necessário que cada município do país envie as informações solicitadas pelo Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa), cabendo ao Governo do Estado a articulação.
Em levantamento feito junto ao hospital Fernando Franco, em Aracaju, o coordenador da Rede de Urgência e Emergência da capital, Júlio Lima, constatou que não houve entrada de casos de doenças características do verão nos últimos três meses.
“No mês de janeiro estávamos com a unidade interditada pelo Conselho Regional de Medicina (CRM), então, em decorrência disso, a gente não tem informações referentes a esse tipo de patologia no período dentro do serviço de urgência. Dentro da nossa rede, a realidade está sendo neste momento essa”.
Quanto ao Nestor Piva, devido ao processo de transição do seu gerenciamento para o Centro Médico do Trabalhador LTDA, empresa que iniciou em janeiro a gestão da unidade e que ainda corre, também não foi possível o acesso às informações de dados estatísticos de notificação.